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Efeitos

Timidez excessiva

O distanciamento social por dificuldades na comunicação

ÉRICA XAVIER

“Começo a suar, a ficar gelada, esqueço de respirar. Quando eu fico tímida eu travo e fujo”. O relato é da estudante de Enfermagem Maria Helena, e descreve o desconforto sentido por alguém que sofre de timidez crônica e precisa passar por situações que exigem interação com outras pessoas. Situações que, para a maioria das pessoas, é algo cotidiano, mas que pode se tornar um obstáculo quase intransponível para quem é tímido. A timidez, de acordo com a psicologia, é uma sensação de desconforto frente a situações sociais e interpessoais. Situações assim podem provocar reações emotivas e corporais, que levam o indivíduo a quadros  de nervosismo, ou até pânico.

Especialistas descrevem a timidez excessiva como fobia social. Evitar lugares cheios e conhecer pessoas novas, querer fugir de tudo e de todos, são alguns comportamentos  próprios de um tímido em excesso. São inseguranças que o levam a querer sempre ficar em casa, se isolar, buscar comunicação apenas virtualmente, impossibilitando um bom relacionamento social e interpessoal, e gerando  transtornos em seu cotidiano.

Apresentando, de fato, uma fobia social, é preciso que o indivíduo busque ajuda médica e  tratamento para timidez excessiva. Segundo o psicólogo clínico, Antonio Lima, para que o tratamento seja iniciado é preciso analisar a história do paciente, para ver as questões que precisam ser trabalhadas na terapia. O próprio Antonio Lima também foi diagnosticado com fobia social e até hoje passa por grandes dificuldades. “Minhas dificuldades se tornaram piores na graduação. Tiveram momentos que entrei em crise de ansiedade, já aconteceu de eu fugir do local e ter crise de choro. Isso tudo deixou minha vida acadêmica mais complicada.”, diz.

Maria Helena, aluna do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe (UFS), afirma que a timidez lhe acompanha desde a infância. “Sempre fui uma pessoa tímida, sempre tive problemas com pessoas novas, ou muitas pessoas, desde novinha.” Sua timidez possui uma característica situacional, que ocorre quando a pessoa fica tímida em momentos específicos como apresentações de trabalho na universidade, por exemplo. Situações que, para Maria Helena, são desafios que busca sempre vencer. “No início da graduação era bem pior”, como compartilha Helena em um de seus momentos mais angustiantes durante a graduação.

Por sempre evitar contato repentino com alguém, pessoas com timidez sentem-se mais à vontade em conhecer pessoas novas pela internet, no ambiente virtual as coisas fluem melhor e é mais fácil conversar e se abrir com alguém. “Pessoalmente eu fico nervosa”, esclarece Helena. Por conta de sua rotina de estudos, Helena nunca procurou um acompanhamento médico, e se esforça para vencer a timidez sozinha. Mas, mesmo assim, considera importante ter um profissional por perto. “Pretendo fazer [Terapia], pois vejo que a timidez me atrapalha muito.”

Maria Helena fala sobre a timidez
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Como o corpo se comporta

A quietude, o silêncio, braços cruzados, risada de canto de boca, deixam evidentes quando uma pessoa é tímida, mas  está tentando socializar. Rosto vermelho, cabeça baixa, nervosismo visível, são algumas reações que mostram, nitidamente, que o tímido ou tímida não está confortável com a situação.

As pessoas que possuem esse tipo personalidade não gostam de estar no centro das atenções, geralmente, carregam traumas e o pânico se instala, seu maior desejo no momento é fugir. A comunicação é algo indispensável para o desenvolvimento de uma pessoa, e a área da Fonoaudiologia aborda isso, além de ajudar no desenvolvimento vocacional e corporal do indivíduo. Um tratamento neste ramo também é indicado para pessoas tímidas, o trabalho conjunto com um psicólogo permite a utilização de estratégias que facilitam a comunicação.

Para essas pessoas que possuem uma personalidade mais introspectiva e retraída esse trabalho conjunto se torna muito importante para o processo de crescimento do paciente. “Realizar um trabalho interdisciplinar para ajudar pessoas tímidas é essencial. O papel do fonoaudiólogo está relacionado às questões da comunicação, e o seu papel é central para que as pessoas que sofrem de timidez excessiva superem esse quadro. Geralmente trabalhamos lado a lado com psicólogos para termos um olhar multifacetado do paciente”, explica a fonoaudióloga Wandja Rocha.

Os sintomas corporais apresentam uma padronização, mas sua manifestação varia de pessoa para pessoa. “Quando o tímido fala em público ou precisa se comunicar em situações em que se sente pressionado, é possível notar algumas manifestações corporais como respiração e ritmo cardíaco acelerados, sudorese, dificuldade de falar entre outros sintomas que estão relacionados ao funcionamento do sistema nervoso simpático”, complementa Rocha.

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Por: Fernanda Souto
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