Oportunidades
Sergipe é destino tendência na pandemia
O setor do turismo começa a se movimentar com a retomada econômica. Mas viajar é seguro?
MARIA RODRIGUES
O setor do turismo volta a se movimentar e gerar renda com a flexibilização do isolamento social imposta pela pandemia do covid-19. Em meio a essa retomada, Sergipe se tornou destaque positivo devido ao desempenho do setor turístico após o afrouxamento da quarentena com Aracaju sendo indicada como destino tendência de 2021.
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A capital do estado apresentou uma procura 35% maior que a média dos destinos nacionais durante a pandemia, ao mesmo tempo em que registrou uma queda de 32% no preço das passagens, de acordo com a terceira edição Barômetro Viajala, estudo latino-americano sobre tendências do turismo lançado anualmente pelo buscador de voos.

Imagem aérea de Davi Costa.
Sergipe começou a retomada gradual das atividades econômicas em agosto e é um dos estados que apresentam menor número de mortes por covid-19. São 2381 óbitos até o dia 16 de dezembro, embora o número de casos de contágio por Coronavírus já ultrapasse mais a casa dos 101 mil casos. Desde então, o estado já voltou a oferecer passeios como Crôa do Goré e Cânions de Xingó, além das praias que também voltaram a funcionar e a receber bastante público, principalmente a Orla de Atalaia.
Paisagens sergipanas
Por: Jamiles Batista
Retomada do turismo em Sergipe
Uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social são algumas das medidas adotadas por hotéis, bares, restaurantes e todo setor do turismo sergipano para a retomada das atividades. De acordo com Sales Neto, Secretário de Turismo em Sergipe, o fato do estado participar do selo do turismo limpo, seguro e responsável do Ministério do Turismo foi um fator muito importante para a retomada. Para obter o selo, o setor do turístico sergipano comprometeu-se a seguir uma série de protocolos de biossegurança. O gestor acredita que a conquista dessa certificação sinaliza que o estado está pronto e seguro para receber os turistas e dar continuidade às atividades comerciais.
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Ademais, o secretário lembra que o estado também aderiu a uma campanha denominada “Todos prontos para receber você” e impulsionada nas redes sociais, promovendo o turismo no estado. “O que eu posso dizer é que o destino Sergipe está preparado para receber os turistas”, acrescenta.
Sales Neto avalia que o setor soube aproveitar bem o período em que paralisou as atividades para planejar uma retomada segura. Sobre as segmentações, ele diz que alguns bares e restaurantes estão apresentando movimento ainda maior em comparação ao período antes da pandemia e que o setor hoteleiro tem mostrado uma recuperação importante, principalmente em feriados prolongados.
A informação dada pelo secretário de Turismo vai ao encontro dos resultados obtidos por Mário Borges, dono da Pousada Aruana em Aracaju, que confirma o aumento da taxa de ocupação de seu estabelecimento. “Estou com muitas reservas para o mês de dezembro, as pessoas não estão viajando para fora e isso é natural que aumente as reservas aqui”. Entretanto, Borges reconhece a possibilidade de uma segunda onda de contaminações por covid-19.
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Já Carlos Goes, dono do Jatobá Hotel também em Aracaju, afirma que a procura nas reservas acelerou conforme os números positivos da doença iam surgindo, mas não atingiu o patamar do ano anterior. Contudo, Goes acredita que os números crescentes da doença já voltaram a impactar na ocupação do hotel. "As atuais notícias já estão reduzindo as reservas futuras de curto prazo como natal, réveillon e janeiro de 2021”.
Segunda onda de Covid-19
Embora o turismo sergipano venha seguindo todas as recomendações de biossegurança e adquirido o selo de Turismo Limpo do Ministério da Saúde, uma pesquisa realizada por esta equipe de reportagem via formulário, mostrou que de 37 respostas, 70,3% não se sentem seguros para realizar atividades turísticas e 94,6% temem uma possível segunda onda. Em contraponto, 56,8% dizem que pretendem viajar ou já viajaram durante a flexibilização, mostrando que, mesmo temendo uma possível contaminação pelo novo coronavírus, uma parcela das pessoas que responderam à pesquisa não se furtará de fazer turismo em meio à pandemia caso não haja intervenção governamental.
Países europeus já enfrentam uma segunda onda de contaminação e no Brasil um novo aumento de casos e a necessidade de retorno a medidas mais duras de isolamento são especulados devido ao aumento das taxas de transmissão. Um levantamento do Imperial College de Londres, divulgado no primeiro dia de dezembro revelou que a taxa de transmissão no Brasil é de 1,02. Isso significa que, segundo a estimativa da universidade, cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 102.
Mesmo que tais números apontem para a possibilidade de uma segunda onda, o secretário Sales Neto considera que ainda é preciso entender se esses índices são apenas um pico da doença. “É muito prematuro pelos números apresentados neste momento que teremos mais medidas de restrição”, avalia. Ouça a entrevista:
Já Davi Costa, fotógrafo no setor de turismo, reconhece que a expectativa em relação à retomada econômica é grande. Costa, inclusive, já possui trabalhos marcados para as férias de 2021. Contudo, o fotógrafo não nega sua apreensão quando questionado sobre uma possível segunda onda. “Temo uma segunda fase de pandemia, pois estou vendo isso na prática", comenta. Ouça a entrevista:
Em reunião no dia 15/12 deste ano com o comitê técnico que avalia a retomada econômica durante a pandemia, o governador do estado, Belivaldo Chagas, anunciou novas medidas de prevenção devido ao aumento no número de contaminados. Restaurantes reduzem a ocupação para 50% e os eventos antes permitidos 200 pessoas em ambiente fechado e 300 em ambiente aberto, agora reduzem também em 50% da capacidade. Na oportunidade, o governador afirmou que medidas mais duras podem ser tomadas.