Fernanda Spínola
30 de outubro
Milhões de jovens vão às ruas nas eleições de 2022 votar pela primeira vez a favor da democracia brasileira.
Foto: Regina Bomfim / Edição: Fernanda Spínola
A cada eleição, o eleitorado de 16 e 17 anos cresce, o que mostra uma evolução no interesse por parte desses eleitores na política. As eleições de 2022 são um exemplo desse aumento, já que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou o recorde no número de jovens eleitores comparado aos últimos oito anos. O aumento chegou a 47% em relação ao ano de 2018, alcançando 2.114.946 pessoas aptas a votarem.
Devido a polarização nas eleições de 2022, as redes sociais recebem um grande destaque para que o jovem conheça os candidatos em disputa e exerça o direito ao voto antes mesmo dos 18 anos. Ambos cenários são desafiadores para os estudantes, o que desperta a curiosidade e instinto de votar nos representantes com os quais se identificam.
Para que os jovens se tornassem mais ativos durante essas eleições, diversas campanhas de cadastro eleitoral entraram em vigor. O TSE, por exemplo, promoveu a Semana do Jovem Eleitor de 2022, na qual ofereceu uma série de informações sobre o pleito eleitoral, transferência, dentre outros. Além disso, realizou um tuitaço no dia 16 de março para chamar a atenção do jovem sobre a importância de tirar o título de eleitor.
Várias celebridades, como Anitta, Bruna Marquezine, Ludmilla e o ator norte-americano Mark Ruffalo e muitos outros também aderiram às campanhas de incentivo aos jovens para tirarem o título de eleitor e se manifestaram nas redes sociais.
No Brasil, o voto é obrigatório a partir dos 18 anos. Porém, em 1988, os jovens de 16 anos conquistaram o direito ao voto, tornando-se facultativo para as pessoas dessa faixa etária.
Créditos: Agência Câmara Notícias
A partir do gráfico, é possível perceber que o eleitorado jovem caiu em comparação ao ano de 2010. Entretanto, teve um salto de aproximadamente 24% e 50% comparado aos anos de 2014 e 2018.
Em 2014, a população teve um déficit de jovens eleitores, registrando um pouco mais de 1,6 milhão, algo totalmente desproporcional ao período de eleições anteriores que chegou a alcançar quase 2,4 milhões de eleitores. Já em 2018, o eleitorado regrediu e atingiu cerca de 1,4 milhão, sendo o pior ano nos últimos dez anos.
Primeira Vez
O estudante Nichollas Araujo, de 16 anos, conta que tirou o título de eleitor esse ano e que a experiência de votar pela primeira vez foi essencial. “Eu já estava cansado de ver as coisas acontecendo no país e não poder tomar uma posição por eu não ter o título”, conta.
Assim como Nichollas, Moara Barão, estudante de 17 anos, também tirou o título para as eleições de 2022. A estudante fala que a experiência de votar pela primeira vez foi emocionante e que está feliz em contribuir para um país melhor. Ao ser questionada sobre porque tirar o título com 16 anos, Moara diz que sempre se interessou por pautas sociais. “Foi uma grande influência para reconhecer a importância de votar cedo. Não acho correto me abster de algo que eu faço parte”, defende.
Da mesma maneira que Nichollas e Moara tiraram o título de eleitor para exercer o papel de cidadão na democracia brasileira, Sérgio Almeida também fez uso de tal direito em 1989, quando votou pela primeira vez para presidente com 23 anos, após a Ditadura militar. “Foi um momento de muita emoção porque o Brasil estava há muito tempo sem votar para presidente. Foi a minha primeira eleição democrática”, conta Almeida.
Ao ser perguntado sobre o direito do jovem votar nos dias atuais, Almeida fala que é importante as pessoas tirarem o título e irem às urnas, e acrescenta: “Quanto mais cedo a pessoa começar a entender e votar, mais democrático será o país”.
Jovens e a Política
Apesar de 2022 ser um ano importante para a política brasileira devido ao recorde de jovens eleitores nos últimos oito anos, menos de 20% dos adolescentes entre 16 e 17 anos, com base nos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), não optaram por fazer o cadastro eleitoral.
Mesmo com um número elevado de jovens participando das eleições atuais,o quantitativo ainda é discrepante em relação a quantidade de pessoas nessa faixa etária.
Ruan Gabriel, presidente da Liga Acadêmica de Representação e Participação Política (LARPP) e estudante de direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS), explica um pouco a situação presente: "Há uma passividade política nos jovens de hoje em dia. Infelizmente há uma carência de participação, conhecimento de ferramentas como o e-cidadania ou o e-democracia, que não são utilizados pelas pessoas”, lamenta.
O presidente da LARPP ainda acrescenta: “O ensino é fundamental para esses jovens, para eles entenderem sobre os processos políticos, entenderem que devem interferir nos processos diretamente sempre que acontece uma pauta importante”.
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