Iana Marcelly
29 de outubro
Arte: Iana Marcelly
As pesquisas eleitorais de intenção de voto são realizadas desde antes do último dia para registro das candidaturas, em 15 de agosto. Segundo o calendário eleitoral, neste sábado, 29 de outubro, às vésperas da eleição, é o último dia para os institutos de pesquisas divulgarem seus resultados de pesquisa.
Para interpretar esses resultados é importante entender como as pesquisas eleitorais funcionam. Além disso, o Contexto Explica também irá tentar entender as discrepâncias do resultado do 1° turno com os das pesquisas.
O que é pesquisa eleitoral?
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a pesquisa eleitoral consiste em uma série de perguntas feitas ao eleitor, em um determinado momento, a respeito da sua opção dos candidatos que concorrem em uma eleição. Assim, elas têm como objetivo projetar, o mais próximo possível, os resultados das eleições.
A divulgação das pesquisas eleitorais é regulamentada pela Lei nº 9.504/97 , também conhecida como Lei das Eleições. Já o seu registro é feito no “Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais” (PesqEle), site da Justiça Eleitoral que reúne todas as pesquisas realizadas durante as eleições.
Quais são as suas metodologias?
Por se tratar de uma pesquisa de opinião, que busca saber como as pessoas pensam e se comportam, a pesquisa eleitoral utiliza os métodos quantitativos e qualitativos.
Para os dois métodos, os institutos primeiro desenvolvem uma série de perguntas que induzem os entrevistados a falarem sobre sua escolha nas eleições. Os pesquisadores também recolhem outros dados, como: o gênero, a idade, a região ou estado, a profissão, o nível de ensino, a religião que pratica, entre outros. Geralmente essas entrevistas são realizadas de maneira presencial ou por ligação telefônica.
Pesquisa quantitativa
Segundo a professora de comunicação digital, Tatiana Aneas, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e coordenadora da Liga Acadêmica de Representação e Participação Políticas (Larpp), os institutos utilizam, sobretudo, o método quantitativo.
Ela explica que nas pesquisas quantitativas eleitorais, os institutos utilizam amostras representativas para tentar perceber a intenção do eleitorado brasileiro. “Eles utilizam critérios do censo do IBGE, por exemplo, 51% da população brasileira é composta por mulheres e 49% por homens, então se eles vão entrevistar 3 mil pessoas, dessas 3 mil pessoas 51% tem que ser mulheres e 49% tem que ser homens”.
Crédito: Contexto nas Eleições/ Arte: Iana Marcelly
Legenda: gráficos que resumem como a amostragem representativa funciona.
Ainda de acordo com a professora, ao utilizarem os critérios sociodemográficos, as pesquisas eleitorais buscam se aproximar mais dos resultados nas urnas, pois consideram esses critérios em sua amostragem para a coleta de dados.
Pesquisa qualitativa
Embora o método qualitativo seja o menos usado, ele é importante para analisar o sentimento da população nessa reta final das eleições. Diferente das pesquisas quantitativas, as qualitativas não necessariamente precisam utilizar amostragem representativa. Em geral, os institutos utilizam grupos focais, ou seja, escolhem determinada parcela da população com determinadas características e analisam as suas opiniões.
Elas costumam ser feitas logo após entrevistas ou debates dos candidatos, com o objetivo de coletar a opinião do eleitor. “Para tentar entender, nas avaliações das pessoas que estão participando dos grupos focais, qual foi o candidato que, entre aspas, venceu o debate”, segundo análise da professora.
As pesquisas qualitativas são feitas para recolher as opiniões das pessoas durante as eleições. “Tentam perceber melhor qual o sentimento das pessoas em relação ao cenário político atual tendo em vista as eleições”, conclui Tatiana.
O uso das redes sociais nas pesquisas
Apesar das entrevistas serem o padrão de base de dados das pesquisas eleitorais, as redes sociais também podem ser utilizadas. Em geral, os pesquisadores utilizam os comentários nas redes, filtrando as reações dos usuários. Por ter esse caráter de análise de reação, esse tipo de pesquisa utiliza o método qualitativo.
De acordo com Tatiana, os institutos utilizam as redes sociais, como, por exemplo, o twitter, para tentar entender qual é o sentimento das pessoas após um evento político. Os institutos fazem essa análise recolhendo uma série de textos que são escolhidos pela temática e pela data da publicação.
Usando como exemplo os debates entre os candidatos, nessa seleção amostral são selecionados textos que falem desse debate e que tenham sido publicados no início, durante e no fim. A partir desses textos, eles começam a classificá-los de acordo com palavras-chaves como textos de reações positivas, negativas e neutras. “Eles colocam esse grande volume de textos para rodar em um software e assim eles obtêm um quantitativo de como está a reação das pessoas na rede em relação aos candidatos”, conclui a professora.
Discrepância entre as pesquisas e o 1° turno
A diferença entre os resultados das pesquisas eleitorais e do 1° turno foram, de certo modo, significativas. Para o cargo de presidente, essa discrepância chama atenção pelo fato das pesquisas eleitorais darem apenas uma aproximação do resultado, não podendo prever o que acontecerá nas urnas. Fatores como indecisão e abstenção do voto são determinantes para esse cenário.
Tatiana Aneas observa que, um dos pontos que distancia os resultados é o da abstenção, ou seja, o fato do eleitor não ir votar. Porque a abstenção não é um critério presente na amostra, ela é um critério aleatório”.
Para contornar esse fator aleatório, os institutos têm usado a metodologia do “likely voter”, o eleitor mais provável. “Eles tentam determinar por meio das próprias perguntas da pesquisa, quais dos entrevistados que mais provavelmente irão votar”, explica Tatiana. Ao fazerem isso, as pesquisas podem obter melhores resultados, que se assemelhem aos obtidos nas urnas.
“A pesquisa eleitoral é um retrato daquele momento, se aquela pessoa fosse votar hoje ela votaria daquele jeito, isso não quer dizer que ela vai votar assim de fato”, conclui a professora. Assim, as pesquisas eleitorais são uma projeção do que pode acontecer durante a votação, elas apenas se aproximam do resultado final.
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