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Tiro pela culatra: Jogos deixam de ser apenas entretenimento e podem gerar comportamentos negativos

Atualizado: 8 de nov. de 2021


 

Arquivo pessoal : Ansiedade, irritabilidade, insônia e até tremores são alguns dos sintomas mais apresentados pelos gamers

Hábitos geram comportamentos e estes geram ações que se transformam em atitudes. A psicologia explica que o conjunto deles define nossa conduta diante de situações e desafios que a vida nos traz. No mundo dos gamers, isto não é diferente. É inegável que algumas atitudes, gírias e transtornos psicológicos são consequências de quem decide viver nesse mundo.


Ansiedade, irritabilidade, insônia e até tremores são alguns dos sintomas mais apresentados pelos gamers, principalmente quando estão em estado de abstinência. Ou seja, o que antes era uma válvula de escape, agora se tornou uma obsessão.


Estes sintomas também são citados pela psicóloga Mônica Maria, que alerta para a forma como os jogos influenciam os jovens. Segundo ela, uma vez que se torne vício, os gamers podem vir a ter problemas físicos e psicológicos.

“Agressividade, compulsão por jogos, insônia, baixo rendimento escolar, postura inadequada causando cifose ou escoliose, irritabilidade nos olhos, cansaço físico, dificuldade de memorização, aumento da pressão arterial devido à falta de sono noturno, o excesso de movimentos nas mãos podem causar tendinite e lesões por esforços repetitivos, pode até o jogador desenvolver transtornos de personalidade incorporando o personagem do jogo, alguns perdem até a noção do que é fantasia e realidade”, cita a profissional.

O estudante Yure Sales Pio é uma das milhares de pessoas que desfrutam desta vasta indústria. Segundo o jovem, atualmente ele joga até três horas diárias, mas este número chegou a ser mais do que o dobro, quando era mais novo. Ele relata que já passou mais de sete horas por dia jogando. “A maioria das pessoas que conheço joga na mesma faixa”, confessa.


De acordo com Yure, o hábito de jogar influencia bastante sua saúde mental. Ele alega que os jogos afetam sua ansiedade e seu humor, sendo o estresse um dos principais fatores. Apesar disso, o jovem não deixa de jogar, o que, para a psicóloga Mônica Maria, deveria ser uma iniciativa do gamer, visto que o ato não o faz bem.


Um estudo da University of Connecticut School of Medicine aponta como os games podem afetar negativamente a mente de seus usuários. A pesquisa indica ainda que jogos podem fazer com que os gamers fiquem viciados, tenham menos atividades sociais e seu desenvolvimento cognitivo seja comprometido.


Segundo o estudo, nosso cérebro é bombardeado com uma série de dopamina, quando jogamos. Porém, o problema é que isso faz com que o órgão produza menos neurotransmissores e desabilite o córtex pré-frontal, responsável pelo autocontrole. Esta é uma das explicações do porquê dos adolescentes serem mais suscetíveis a encarar várias horas de jogatina, ignorando tarefas mais importantes.


Além disso, a desigualdade social, principalmente no âmbito de gênero, pode ser um dos principais fatores que causam estresse e ansiedade de quem convive no ambiente dos games. A estudante Amanda Oliveira relata sobre como é difícil buscar o momento de lazer diante do machismo presente nas interações em diversos jogos,

“o que gera uma cobrança interna de jogar bem por mim e para evitar comentários que atrelem minha habilidade (ou a falta dela) ao meu gênero”, explica.

Amanda também conta que possui outros hábitos influenciados pelos games. “Muitos termos utilizados para a comunicação dentro do jogo foram incorporados ao meu vocabulário usual”, alega a jovem que joga desde sua infância.


“Meeeee, sogrinha, dream do dream, xesque, aí dá uma pegada, dale na narguileira, xesquedele, iriririri” são algumas das gírias muito utilizadas pelo também estudante João Daniel Alves, que joga a menos tempo que todos aqui citados. Segundo o universitário, ele começou a ter experiência no mundo gamer em 2020, jogando de três a quatro dias por semanas, e de 1h a 2h diárias.


Estes relatos mostram como a exposição aos jogos afetam os comportamentos dos jovens, que dispõem de várias horas de suas rotinas para tornar um hábito o ato de jogar. Eles usam e abusam do entretenimento, que acaba sendo mais um tiro que sai pela culatra, visto que, o que era para desestressar, gera consequências negativas física e psicologicamente.


Por: Fernanda Souto

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