Trio Crav&roza e mais 21 artistas sergipanos conduziram as apresentações e relembraram clássicos do forró
Uma Roda de Forró, que contou com a participação de 21 músicos sergipanos, lotou o Teatro Atheneu no último sábado, 13, à noite. A Roda reuniu clássicos do forró, com uma roupagem musical diferente. O espetáculo foi conduzido pelo Trio Crav&roza, que comandou as apresentações, com a voz de Bárbara Sandes, a sanfona de Lucas Campelo e o violão de Henrique Teles, que também acompanharam os artistas nas canções.
A Crav&roza contribui com a música sergipana há quatro anos. “A gente
tenta de maneira enraizada trazer cultura em nossos shows, com a mistura tanto da música sergipana como da música nordestina em seu todo, sendo o nosso objetivo principal enaltecê-las através das nossas releituras, em razão da relevância que os artistas locais têm para o nosso estado”, conta Bárbara Sandes.
O Trio, que ficou no centro do palco, estava rodeado pelas mesas dos demais músicos. O cenário tinha roupas no varal, uma cerca alta e palmeiras que ilustravam a vida simples do campo. A cor laranja que introduzia os artistas era encerrada com a azul, como em uma transição do dia para a noite. À frente do palco, uma Carranca, símbolo do Rio São Francisco.
O espetáculo promovido pelo trio “é uma forma de a gente manter viva a tradição, com arranjos novos e diferentes”, avalia Nino Karvan, que cantou “Pau de Arara”. “Ao mesmo tempo que a raiz, a chama que nos faz se identificar enquanto povo está neles. E isso não tem preço, não tem como medir tamanha a importância”.
As filhas do músico Bob Lelis também fizeram parte da apresentação. Laura Cândido com “Sanfona sentida” [de Luiz Gonzaga] e Júlia Cândido com “Preciso do teu sorriso” [de Dominguinhos] se apresentaram na sequência. Júlia destaca que o contato delas com a “música é desde pequenininhas em razão do trabalho da família”.
“A gente gosta de cantar todo dia, essa é a nossa rotina. Em casa temos reunião com músicos, já tivemos aula de percussão com Alberto Silveira [violinista]. A música é liberdade, nela você consegue se inspirar na vida e conhecer novas pessoas, ela faz parte da minha e eu nunca vou deixá-la”.
“A maioria absoluta dos artistas nacionais é vinda do interior. Isso diz o
quanto essas pessoas vivem a realidade dentro da sua própria história e identidade, mesmo o mundo urbano sendo uma quebra, avalia Henrique Teles, ele ressalta que “os elementos musicais e visuais representam a memória do interior” e percebe que “juntos eles são a tentativa do “ser urbano” em resgatá-la”.
Alanna Molina, produtora do espetáculo, pensou “o show popular como um
quintal de casa, para todos se sentirem de fato em casa. Para ela “o forró
é a essência do nosso estado e o intuito foi reunir artistas de vários gêneros, como os do Rock e da MPB, mas que se interligam com essa mesma raiz que é o forró”.
O Trio iniciou o show com “Abri a porta”, de Gilberto Gil e Dominguinhos, e todos os artistas, juntos, fecharam ao som de “Olha pro céu”, de Luiz Gonzaga, com a platéia cantando e aplaudindo junto. Os cantores que participaram foram: Bruna Ribeiro, Alberto Silveira, Ítalo Lima, Alex Sant’anna, Fernando Freitas, Pedro Luan, George Sants, Raquel Diniz, Rubens Lisboa, Diane Veloso, Fernanda de Aquino, Fábio Cavalieri, Daniel Melo, Nino Karvan, Bob Lelis, Lucas Aprígio, Flory, Laura Cândido, Júlia Cândido, Maísa Nascimento e Joésia Ramos.
O contrabaixo acústico de Fabio Cavalieri com a flauta transversal de Daniel Melo relembraram “Juazeiro” [de Luiz Gonzaga]. A voz da Crav&roza, Bárbara Sandes, cantou “Saudade D’ocê” [de Zeca Baleiro] acompanhada do pianista, Lucas Aprígio. A violinista Maísa Nascimento encantou a plateia com “Cheiro da terra” [de Cláudio Miguel e José de Gouvêa], em seguida, tocou “Sabiá” [do Rei do Baião] com a cantora Joésia Ramos.
Em setembro a Crav&roza levará o forró nordestino a Viena, na Áustria. Para Teles, “os europeus têm um imenso apreço pela cultura brasileira. A sanfona, por exemplo, está presente em vários lugares daquele continente com uma força muito grande”. O artista possui a certeza de que “além dos brasileiros esse povo está de braços e ouvidos abertos ao que levamos”.
Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1
Repórter - Mário Cidrão
Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite
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