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Psoríase: sem endereço, sem raça, sem gênero.

Atualizado: 11 de set. de 2019

Doença afeta cerca de 5 milhões de pessoas a cada ano no Brasil

Foto: Gabriel Freitas

Sem distinção de cor, idade ou corpos, e em constante ascensão no Brasil e no mundo, a psoríase é uma doença que atinge milhões de pessoas a cada ano no nosso país. Um dado que, apesar de alarmante, revela uma caminhada a curtos passos para desmistificar preconceitos enfrentados pelos portadores da doença.


Por ser crônica, inflamatória e autoimune, a psoríase pode se manifestar de diversas maneiras. Na grande maioria dos casos se desenvolve em aparentes alterações na pele, causando coceiras, descamação e até lesões, que podem variar de tamanho, forma e classificações. Além dessas características, a psoríase também pode comprometer outros órgãos e regiões do corpo, como por exemplo, as articulações e é conhecida como artrite psoriásica. A doença não é transmissível.


A dermatologista especialista em Psoríase, Dra. Jonnia Sherlock aponta que, apesar dos diferentes tipos de manifestações, o tratamento é possível e varia de acordo com a aceitação e aplicabilidade de cada paciente. O diagnóstico deve ser feito por um especialista e precisa de tratamento contínuo.


“Somente o profissional vai determinar as variáveis da doença, caracterizando-as e identificando através dos índices de gravidade suas classificações, se leve ou moderada-grave”, afirma Jonnia.


Seja por via oral, por aplicação de pomadas e/ou com medicamentos injetáveis, ainda é comum os portadores da doença se automedicarem, sem as devidas precauções e prescrições médicas. E é preciso ficar atento quanto aos riscos que esses medicamentos podem acarretar, como alerta a especialista.


“As medicações tomadas de forma aleatória podem conter componentes de difícil reversão do quadro, como por exemplo os corticóides. O uso indiscriminado desse componente poderá induzir na atrofia da pele, estrias na região e desenvolvimento de acnes. Além de não fazer o controle pleno da doença, sendo passível de manifestação em outras regiões.”


Em questionário realizado com 213 pessoas, apontou que, 79,8% desse grupo convive com a doença há mais de cinco anos, 77,5% já se automedicaram, seja por indicação de parentes e amigos 30,7%, ou seja pela internet e redes sociais, totalizando 52,4%.



A internet e as redes sociais têm se tornado uma rede de apoio para as pessoas portadoras da doença. Seja nos grupos de Facebook e WhatsApp ou até mesmo pelas hastags geradas diariamente no Instagram. Essa conexão contribui para o compartilhamento de informações, como também de vivências dessa realidade. Mas, os usuários precisam ter atenção e cuidado ao utilizar medicamentos sem prescrição e/ou soluções indicadas por terceiros, para não agravar ainda mais o quadro da sua atual condição.

"As pessoas te olham com nojo. O pior de tudo é o preconceito.” conta o motorista Robson Aragão de 43 anos e que há mais de 20 vinte anos convive com a doença.

Robson lembra o quanto foi difícil o processo de aceitação e de descoberta. “Tudo começou com as descamações no couro cabeludo e eu pensava que era caspa, no tempo fiquei desempregado e as lesões continuaram aumentando e aumentando. Depois de passar por vários médicos, encontrei um especialista que identificou, mas naquela época a doença não era tão conhecida. Hoje em dia participo de alguns grupos no WhatsApp e tem muita gente com histórias parecidas”, relata.


Relatos do cotidiano dos portadores da doença, retirados das redes sociais. (Foto: Gabriel Freitas)


Psicodermatologia


O couro cabeludo, rosto, órgãos genitais, mãos e unhas, são as regiões consideradas moderada-grave pelos índices de gravidade, ainda que as lesões apareçam em menor quantidade. Essas manifestações aparentes implicam diretamente na qualidade de vida do indivíduo, podendo gerar exclusão social, transtornos compulsivos, ansiedade, insônia, dificuldade de convívio nas relações de trabalho e amorosas, dentre outras situações.


O isolamento, olhares de terceiros e o desconforto de estar num ambiente com o sentimento de repressão são alguns dos pontos levantados pela psicóloga Gabriela Queiroz, integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicologia da Saúde da Universidade Federal de Sergipe (GEPPS-UFS). Ela explica a importância do tratamento realizado pelos psicólogos a fim de identificar os possíveis gatilhos, sejam emocionais ou psicológicos que contribuem para o desenvolvimento da doença.


“Mesmo que não hajam gatilhos emocionais ou psicológicos, os sintomas de ansiedade e depressão podem aparecer como consequência. É primordial tratar a aceitação do paciente e conscientizá-lo de que a doença vai acompanhá-lo pelo resto da vida, mas que é possível tratar e ter uma qualidade de vida estável, se adaptando às situações que podem encaminhar para novas crises”, afirma Gabriela.


Existe hoje no campo da psicologia estudos comprobatórios que indicam o modo como os fatores físicos e externos da doença podem influenciar no comportamento de exclusão desses indivíduos. A proposta da psicodermatologia preza pelo olhar individualizado de cada paciente. “Por isso a importância dos dois profissionais trabalharem em conjunto.” ressalta, a psicóloga.


Sergipe Atende


Sendo um dos poucos Hospitais Públicos do Nordeste com Ambulatório de Dermatologia voltado aos pacientes com psoríase, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) já realizou campanhas para atendimento de pessoas com a doença. A ação geralmente ocorre no dia mundial da psoríase - 29 de outubro, e busca alertar e conscientizar a comunidade e os próprios pacientes sobre o que se trata a doença, desmistificando assim, os preconceitos.


Os atendimentos no serviço de dermatologia do HU-UFS, acontece toda segunda-feira, através de demanda espontânea. São distribuídas senhas para que os pacientes possam passar pelo processo de triagem, e logo após, identificada a psoríase, o paciente é cadastrado no ambulatório para dar prosseguimento no tratamento da doença.


 

Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1

Repórter - Gabriel Freitas

Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite

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