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Projeto social se torna alternativa para a falta de apoio governamental a PcDs em Sergipe.

Atualizado: 8 de nov. de 2021


 

Arquivo pessoal: Estrelas do Mar existe desde 2011 e utiliza o bodyboarding como ferramenta de inclusão social

Sergipe não é uma potência nas novas modalidades olímpicas que conquistaram o público durante a última edição dos jogos. No entanto, a cena do surfe é fortalecida por grupos independentes e por projetos sociais que incentivam a prática e a cultura desses esportes, permitindo a participação de jovens em modalidades consideradas distantes da sua realidade.

Um exemplo desse tipo de iniciativa é o Projeto Estrelas do Mar que surgiu como uma ferramenta de inclusão social ao auxiliar crianças e adolescentes com deficiência através da prática de bodyboarding, esporte que surgiu como uma espécie de ramificação do surfe. O Brasil, inclusive, possui certa tradição na modalidade e conta com multicampeões mundiais, a exemplo do Guilherme Tâmega e da Glenda Kozlowski. Ao contrário do surfe, o bodyboarding é praticado deitado, o que permite a execução de movimentos arrojados.

O Estrelas do Mar nasceu em 26 de junho de 2011 e já atendeu cerca de mais de três mil pessoas direta e indiretamente. Coordenado pelo vereador de Aracaju Sargento Byron Silva (Republicanos) e pela Capitã Anne Bastos, o projeto é uma instituição sem fins lucrativos que se mantém através de doações e de uma feijoada beneficente que conta com a participação de artistas locais, com o intuito de arrecadar fundos para a manutenção e continuidade do mesmo.

De acordo com o vereador Byron, o Estrelas do Mar é benéfico quanto à “questão do enfrentamento ao capacitismo”, tendo em vista a descrença social referente ao sucesso de pessoas com deficiência dentro do âmbito esportivo. Ele ainda aponta que a prática de um esporte radical como o bodyboarding ajuda com a autoestima, a socialização, cria um sentimento de pertencimento a um grupo e incita mudanças físicas positivas nlos praticantes.

O projeto, que teve início com oito assistidos, atende hoje cerca de 70 atuantes frequentes, além de oferecer auxílio a cerca de 150 famílias através de um cadastro próprio da iniciativa, como apontado por Byron Silva. Além da renda para auxiliar os cadastrados, o valor arrecadado é utilizado para garantir a disponibilidade de equipamentos para a prática esportiva. O bodyboarding necessita de prancha e de nadadeiras, acessórios caros, o que o caracteriza como um esporte de alto custo.

Iniciativas como o Estrelas do Mar trabalham para suprir necessidades não atendidas pelas instâncias governamentais. No caso de Sergipe, estado onde 518 mil pessoas apresentam alguma deficiência, segundo dados do Censo de 2010, os projetos do governo que buscam incluir essa parte da população através do esporte são insuficientes.

Ao contatar a Superintendência Especial de Esporte de Sergipe, órgão relacionado a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura, apenas um projeto foi apresentado. O Centro de Aperfeiçoamento do Esporte Escolar trabalha a formação de alunos da rede pública em modalidades variadas, dentre elas, duas voltadas para pessoas com deficiência: paratletismo e paranatação. Mas apesar da importância dessa ação, ela não é suficiente para atender parte significativa da população sergipana com algum tipo de deficiência.

O esporte como instrumento de inclusão social possui potencial muito alto para ser deixado de escanteio pelas autoridades. Dado os benefícios da prática esportiva, seja pela melhoria da qualidade de vida dos praticantes, seja pelo potencial transformador, é muito justificável o investimento em políticas públicas com esse objetivo, principalmente aqueles voltados para as pessoas com deficiência.

Os projetos sociais já existentes que visam essa causa também devem figurar na lista de atenção governamental através de subsídios para manutenção, de modo a viabilizar a continuidade e expansão dessas iniciativas. Com um olhar atento para essas questões, o estado pode se beneficiar no futuro com o possível surgimento de atletas incentivados por ações do presente.


Por: Ana Julia Oliveira, Juliana de Jesus Santana e Waldênnia Soares Teles

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