Future-se: programa do MEC não está claro e gera dúvidas

Para o governo, o Future-se representa um avanço para as instituições federais. O corpo acadêmico nega

A primeira reunião pública para discutir o programa Future-se, proposta pelo MEC para as universidades e institutos federais, aconteceu ontem (30) no auditório da reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no campus de São Cristóvão. O tema foi apresentado pelo pró-reitor de Planejamento, Rosalvo Ferreira, que apontou como eixo principal do programa a “captação de recursos pelas universidades” que altera, “em alguns pontos, algumas leis do país”.

De acordo com o pró-reitor, durante lançamento do programa, em Brasília, no dia 16 de julho, “houve uma apresentação bastante ampla, sem muitos elementos concretos". Os impactos imediatos não poderão ser avaliados antes que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) “tenha uma posição clara sobre o projeto e como ele vai ter sua operacionalidade”, avalia o pró-reitor.

Para o MEC, o Future-se tem como objetivo fortalecer a autonomia financeira das universidades e institutos federais. Uma consulta pública para receber as sugestões ficará aberta até 15 de agosto. Após esse período, será enviado ao Congresso Nacional um projeto de lei com propostas de mudanças na legislação para implementar o Future-se. Para participar da consulta é só acessar o portal do MEC.

O pró-reitor destacou que o projeto ainda está em fase inicial e que “tem muito mais questões em dúvidas do que esclarecimento”, mas ressaltou que as universidades “deverão se posicionar brevemente a respeito do plano considerado como alternativa aos problemas de financiamento das universidades”.

Apresentação do programa no auditório da reitoria

Debate

Após a apresentação do programa um debate foi aberto. E o aluno do curso de Pedagogia, Matheus Pacheco, foi o primeiro, presente no auditório, a questionar a implantação da inovação e do empreendedorismo nos cursos de “história, pedagogia, etc.” e ressaltou que o programa “é o fim da universidade pública”.

Já o vice-presidente da Associação dos Docentes da UFS, prof. Saulo Henrique Silva, informou que a independência da universidade apresentada pelo programa é falsa, pois a universidade se tornará dependente do mercado. Ele ainda ressaltou que o programa não foi discutido com a comunidade acadêmica e “acaba com a carreira do professor” porque, segundo ele, vai ter que virar empreendedor. E destacou que a Adufs, organizadora do evento, “rechaça e rejeita o programa”.

O coordenador do sindicato dos trabalhadores técnico-administrativos da UFS, Vagner Vieira, afirmou que o Future-se é um programa de privatização do ensino superior. Vieira ainda reforçou que a única autonomia apresentada no projeto é a financeira, e que a autonomia didático-científica “vai ser atacada”.

O Future-se

O programa têm três eixos: gestão, governança e empreendedorismo; pesquisa e inovação; e internacionalização. De acordo com o governo, no eixo da gestão, governança e empreendedorismo, uma das medidas é a arrecadação de recursos através contratos de cessão de uso de imóveis da União, concessão, fundo de investimento e parcerias público-privadas (PPPs). Outra medida é estabelecer limite de gastos com pessoal e premiar a eficiência na gestão de recursos.

O eixo pesquisa e inovação prevê estimular a criação de startups, ou seja, empresas com base tecnológica, instalar centros de pesquisa e inovação e aproximar as universidades e instituições federais de empresas para atrair recursos privados para pesquisa.

Na internacionalização, entre os objetivos, está facilitar o intercâmbio de estudantes e professores com foco na pesquisa e facilitar o acesso e a promoção de disciplinas em plataformas online.

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Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1

Reportagem e Fotografia - João Vitor Moura

Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite