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Foto do escritorPortal Contexto

Praças: mais que um espaço físico

Sociabilidade, meio ambiente, cultura, política e as diversas possibilidades dessas áreas de respiro nas cidades


Visão panorâmica da Praça General Valadão

As praças públicas muitas vezes passam despercebidas por gente que mora perto ou longe delas. A correria do dia a dia e a série de compromissos ao qual o ser humano é exposto, fazem com que o espaço da praça seja menos frequentado. No entanto, nem sempre foi assim.


A praça pública, em seus primórdios, pode ser comparada a ágora, na Grécia,um lugar para o exercício da opinião, da Democracia, apesar da restrição de quem possuía esse direito de expressão. Desde então, as praças foram popularizadas e expandidas por todo o mundo, fato que possibilitou aos usuários uma verdadeira área de respiro em meio à agitação cotidiana. O espaço das praças se constitui em um importante instrumento para as relações culturais, políticas e, especialmente, sociais ao favorecer o convívio e a socialização entre os homens e o meio ambiente.


Com o objetivo de resguardar o acesso ao espaço público, no Código Civil Brasileiro, as praças são definidas como bens públicos de uso comum do povo.

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;


Visão panorâmica da Praça Camerino - Suissa, Aracaju

Sociologia das praças


Para o sociólogo Marcelo Alario Ennes, a praça ainda é um local político e cultural, tendo em vista que “muitas manifestações políticas têm as praças como referência. E também tem o caráter cultura, já que as praças são ocupadas pelo o que é chamado de cenas culturais, seja na música, seja na dança”, afirma o professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS).


Apesar das várias dinâmicas sociais contemporâneas, Marcelo Ennes acredita na permanência da importância das praças. Na sociedade moderna, além do espaço das praças, outros espaços, principalmente os virtuais têm atraído as atividades políticas e culturais. Assim, a praça, como lugar físico e fixo nas cidades, tem perdido a sua centralidade que possuía nas sociedades antigas.


Escultura em homenagem a Francisco Camerino, localizada na Praça Camerino

Inácio Barbosa - Estude as praças

Técnico em edificações e estudante de Arquitetura da UFS, Josef Andrer Lima Meris de Carvalho tem como objeto de estudo as praças públicas. A pesquisa orientada pela professora Carla Fernanda Barbosa Teixeira, denominada “Relação de praças com a apropriação dos espaços e o sentimento de pertencimento” analisa a forma pela qual a sociedade interage com o ambiente das praças públicas.


A pesquisa de Josef Carvalho tem como recorte geográfico as praças do Inácio Barbosa, bairro da região Sul da capital sergipana. Ele afirma que “a praça é o principal espaço de afirmação democrático de uma sociedade. É um espaço que realmente é de todos e para todos”.


Dessa forma, ao analisar os fatores de atração e repulsão desse espaço, é possível entender a sociabilidade e a integração social nas praças. “Entender a arquitetura antes de tudo é entender como o ser humano se relaciona com o espaço”, afirma Josef.





Praça General Valadão – “Ocupe a praça”


Com o objetivo de reavivar a cultura das praças e ao mesmo tempo beneficiar a produção audiovisual local, surgiu o projeto “Ocupe a Praça”. O verbo no imperativo deixa claro o objetivo da iniciativa.


A Fundação Cultural Cidade de Aracaju, por meio do Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira, desenvolve o projeto há três anos. Graziele Andrade Ferreira, coordenadora desse Núcleo e do “Ocupe a Praça”, conta que “o projeto cruza três públicos diferentes” em cada edição do evento ao inserir na programação mostra audiovisual independente, atrações musicais locais e o “liquidifica diálogos”, responsável por incentivar o debate entre o público. “O Ocupe a Praça se transformou em um espaço prioritário para a gente falar da gente”, explica Graziele.


A coordenadora conta que a escolha da Praça General Valadão, local que acontece o projeto, não foi aleatória. A praça sedia o marco zero da cidade e nela está o Centro Cultural de Aracaju. “A partir do Ocupe a praça a gente começa a provocar...estimular a população a frequentar esse espaço cultural que é nosso”, afirma Graziele.


Gildete Oliveira e suas duas filhas na Praça Camerino

Praça Camerino – A praça é pública


A Praça Camerino, entre o Centro da cidade e o bairro São José é um local que proporciona refúgio (para pássaros e gente). Aos olhos de quem frequenta aquele espaço, é possível perceber o quanto é prazeroso ler um livro, ou até mesmo esperar o tempo passar.


A professora Gildete Oliveira frequenta a Praça Camerino por ser próxima da escola das filhas. Ela diz que a praça é importante para sociedade pela possibilidade de lazer que proporciona, seja para realizar encontro com os amigos “ou até mesmo para se encontrar consigo mesmo”. Apesar disso, Gildete destaca o quanto a falta de segurança no local dificulta essa interação. “A praça traz um pouco mais de risco por ser um lugar aberto, mas hoje a segurança no geral está precária”, diz Gildete.


O hábito de frequentar esse espaço é frequentemente ensinado as filhas de Gildete. Para além do espaço de lazer, a praça se transforma em um lugar de ensinamentos. Segundo a professora, é a partir desse espaço que as crianças têm contato com a realidade social como ela é.




 

Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1

Repórter - Pedro Ramos

Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite


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