Artistas locais e internacionais fizeram parte do evento que ocorre todo mês em Aracaju
A Praça General Valadão recebeu um grande público para assistir ao show da flautista americana Julie Koidin, do violonista sergipano Ricardo Vieira e ainda a participação especial do compositor argentino Daniel Quaranta, no Quinta Instrumental, realizado na última quinta-feira, 25. O evento, que acontece uma vez por mês, é promovido pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e possui o intuito de ocupar o Centro Histórico da capital sergipana e proporcionar para a população o acesso à cultura através da música e das diversas linguagens das artes.
Natural de Chicago, nos Estados Unidos, a flautista americana Julie Koidin tem grande interesse no gênero Choro Brasileiro e tem se dedicado a pesquisar o choro desde 1995. Com formação clássica e experiência como solista, musicista orquestral, de estúdio e camerista, Julie tem, desde 1997, executado tanto o gênero clássico como os vários gêneros brasileiros por todo o Brasil. Esses concertos incluem apresentações com flautistas renomados do choro, como Altamiro Carrilho, Andrea Ernest Dias e Carlos Poyares. No Brasil, ela também dá concertos e masterclasses em literatura solo e de música de câmara em várias universidades e em festivais internacionais de música.
Pela segunda vez em Aracaju, a artista escreveu um choro especialmente para a última edição do Quinta, tendo ela explorado durante uma semana um pouco da cultura sergipana - desde a música até a culinária.
“Da primeira vez que estive aqui em 2015, fiquei apenas por dois dias. Agora, cheguei uma semana atrás para conhecer um pouco mais e explorei o museu, Laranjeiras, e outros locais perto de nós. Estou gostando e aprendendo mais sobre os músicos, pude tocar choro numa roda de choro, e também estou gostando da comida local, especialmente a canjica”, disse a artista.
Ela também afirmou que esse tipo de projeto é muito importante para a cultura, uma vez que as verbas no Brasil para esses fins estão sendo cada vez mais escassas. “Alguns lugares com música que eu gostei de visitar em minha última passagem pelo Brasil estão fechados hoje em dia. Então, vim para fazer música boa e ajudar que esse cenário sobreviva. É muito triste que as verbas para cultura estejam sendo cortadas, então fazer parte de eventos como esse me deixam muito feliz”.
Outra atração do evento, o sergipano que é compositor, violonista, arranjador e produtor musical, Ricardo Vieira, trouxe toda a sua inovação instrumental com o violão de sete cordas. O artista, juntamente com as outras atrações da noite, fez uma mistura de sons, as quais segundo ele, visavam despertar as mais diferentes sensações no público. Ele, assim como Koidin, fez questão de destacar o complicado cenário da cultura pelo Brasil.
“Nós todos estamos em risco. Não eu como pessoa, mas a cultura. Estando em praça
pública, pessoas que não teriam acesso a esse tipo de música poderão ser despertadas a conhecer. O que a gente produz, muitas vezes não é divulgado pela mídia, então esse tipo de evento ajuda a aumentar o alcance do que é produzido”, disse ele.
O músico também aproveitou para mencionar como a cultura sergipana é rica, salientando o crescimento do seu espaço no estado. “A cultura sergipana é e sempre foi riquíssima. Antigamente, não existiam tantos eventos e espaços que a promovessem. Hoje em dia, assim como o Quintas, outros eventos estão proporcionando um maior espaço para a música que é produzida aqui. Então, esse espaço concedido é muito legal, pois ajuda a enriquecer um cenário que sempre foi bom, mas não era tão valorizado”, finalizou.
Por parte do público, muita atenção e entusiasmo para com o evento. Com todas as cadeiras ocupadas, quem compareceu a praça General Valadão gostou muito do que ouviu, como conta a empresária Wanessa Batalha, que compareceu pela primeira vez e fez questão de levar a sua filha.
“Eu gostei muito. Acho muito importante esse tipo de evento para promover a cultura aqui no estado, principalmente para os jovens. Nosso estado não tem muita abertura para os músicos locais, então eventos como esse ajudam a fomentar a cultura daqui” comentou ela.
A empresária, no entanto, afirmou que ainda falta divulgação sobre o evento. “Eu fiquei sabendo pois sou amiga dos músicos e fui convidada por eles. No entanto, não sabia da existência do Quinta. O evento foi muito bom, mas creio que ainda precise de uma maior divulgação na grande mídia para ajudar a impulsionar”, concluiu.
Sobre o evento
O presidente da Funcaju, Cássio Murilo, contou sobre o intuito do projeto e quais serão os próximos passos para aproximar o povo sergipano da sua própria cultura.
“A proposta do Quinta Instrumental é colocar Sergipe no cenário nacional e até internacional da música instrumental, formar público. Com a praça cheia de gente, conseguimos desmistificar a ideia de que é um tipo de música para a elite. Não é, e a gente mostra isso tornando ela acessível para todos, fortificando essa conexão com o público”, salientou.
Quanto aos próximos passos, ele fez questão de salientar que nunca existirá uma “situação ideal” para o evento, pois significaria uma posição de comodismo. Segundo o presidente, a ideia é realizar uma democratização no acesso a música.
“É importante perceber que nunca vai haver uma situação ideal, dizer isso seria nos acomodarmos em um certo cenário. O intuito é criar mais possibilidades de acesso, democratizá-lo. Num futuro não tão distante, queremos levar essa mesma qualidade musical para os bairros, para toda a cidade de Aracaju, fornecer ao público mais opções musicais”, completou ele.
Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1
Reportagem e Fotografia - Fabrício Santos
Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite
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