Estudantes ocupam a reitoria da instituição desde a última Greve Geral e visam
ampliar o movimento às demais universidades pelo país
Há quase duas semanas, cerca de 50 estudantes continuam a ocupar a reitoria da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A ocupação surgiu como
resultado da última greve geral do dia 14 de junho, em que milhares de brasileiros
saíram às ruas reivindicando a permanência do modelo de previdência atual e a
suspensão do corte de 30% nas universidades federais. O objetivo é estender o
movimento em amplitude nacional.
A ocupação Leilane Assunção homenageia a primeira professora transsexual da instituição, que faleceu ano passado. O Sindicato Nacional dos Servidores Federais (Sinasefe) e o Sindicato dos Bancários do RN mantêm os estudantes com alimentos e demais utensílios básicos à manutenção deles no local. Os ocupantes promovem oficinas, atividades culturais e plenárias, além de articularem manifestos em prol
da causa estudantil. No Instagram o coletivo emitiu uma nota convocatória aos interessados. Na página da ocupação no Facebook foi emitida uma carta de deflagração com as razões para o seu surgimento.
“Nós ocupamos primeiro o hall de entrada e logo depois viemos à reitoria,
dialogamos com os seguranças terceirizados e depois com a PF. Requeremos ao sindicato dos Professores e ao dos Técnicos-administrativos da universidade que
convoquem uma nova Greve Geral dentro da instituição”, contou o estudante Lenin, codinome adotado pelo estudante para se relacionar com a imprensa.
“Essas são reformas assassinas que utilizam a Educação como barganha,
como moeda de troca. Não vamos deixar que as universidades públicas sejam saqueadas. Junto com outros movimentos pretendemos formar uma corrente nacional contra esse retrocesso”, afirma Lenin.
Mariele, como preferiu ser chamada outra estudante, entende a última Greve Geral como um evento pontual e diz que é importante a permanência dos protestos dentro das universidades. “Precisamos de uma mobilização a nível nacional para que esta ação ganhe maior proporção. Entendemos que as manifestações dos professores e alunos são legítimas e que governo nenhum pode construir táticas que reprimam o direito à liberdade de expressão dentro das instituições públicas”.
Dentre as pautas, está a cobrança pela agilidade na reforma do Restaurante Universitário, prevista para ter início nesta sexta-feira, 28. Segundo um dos estudantes da ocupação, na reforma começada em 2008, o restaurante levou dois anos para reabrir, embora a previsão fosse a mesma de agora, três meses. O temor é que o prazo se estenda novamente e o RU não seja reaberto tão cedo, condição que, para eles, pode ser consequência do corte nos investimentos das universidades.
O Pró-Reitor de Assuntos Estudantis (PROAE), Edmilson Lopes, afirma que a
reforma será de, no máximo, três meses, mas que a previsão é que acabe em até
vinte dias. “A obra do restaurante, que impacta fortemente o campus
central, é uma demanda do MP com relação à acessibilidade. Nós deveríamos ter realizado essa obra há três anos, mas em sucessivas licitações não obtivemos êxito. Embora não tenhamos recursos provenientes do MEC, a obra será executada com recursos próprios”, explica.
Para Edmilson Lopes, o corte de 30% nas universidades não impacta
no funcionamento da universidade. Ele entende que as instituições são capazes de gerir e remanejar os recursos. “Claro que cada instituição possui a sua própria realidade, porém, dada a situação, o mínimo que nós podemos fazer é tentar nos ajustar a ela. Eu acho um tanto alarmista a ideia de que vamos fechar as universidades em setembro. Afinal, contingenciamento sempre tivemos nas universidades em todos os Governos”, avalia.
Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1
Repórter - Mário Cidrão
Fotos - Mário Cidrão
Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite
* Matéria atualizada em 15/07/2019, às 10h28, para inclusão de hiperlinks no segundo parágrafo do texto.
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