Com quatro times disputando competições nacionais, a expectativa aumenta para a temporada das equipes locais
Depois de muito tempo, o futebol sergipano parece caminhar para o progresso. Com quatro clubes disputando competições nacionais, o ano de 2020 pode ser o ponto de mudança para um futebol que amargou frustrações e esbarrou em obstáculos para alçar voos maiores.
O Brasil, tratado por muitos como “o país do futebol”, muitas vezes é um território cruel para aqueles que tentam crescer dentro do esporte - especialmente quem vem de baixo. Sergipe, menor estado do país, é prova disso. Os clubes muito mais sobrevivem do que evoluem dentro e fora das quatro linhas, fator crucial para a inviabilidade de destacar-se no cenário nacional.
Confiança
Entretanto, há esperança. O Confiança conquistou o tão sonhado acesso para a Série B do Campeonato Brasileiro e estará entre os 40 melhores times do país no próximo ano. Irá atrair não só novos patrocinadores, como também torcedores. O Dragão do Bairro Industrial, como é conhecido o Confiança, também disputará a Copa do Nordeste, considerado o torneio mais importante do primeiro semestre no calendário do futebol nordestino.
O clube teria direito a receber de R$ 500 mil a R$ 600 mil por participar da Copa do Nordeste, mas já adiantou esse montante em 2019 para pagar dívidas e salários ainda em 2019 - entretanto, ainda pode receber bonificações em caso de avanço na competição. Com isso, receberá 6 milhões de direitos televisivos por jogar a Série B do Campeonato Brasileiro, além da fatia de assinaturas do pay-per-view - os pacotes de canais fechados exclusivos.
Para o presidente do Confiança, Hyago França, o desejo para o novo ano é de construir um legado. “A Série B é algo novo não só para o Confiança, como também para o nosso estado. A expectativa é de lotar sempre o Batistão, que consigamos permanecer na segunda divisão nacional. A ideia é usufruir da Série B para que se construa um legado no clube, que ela sirva como o meio que nos possibilitará melhorar a nossa estrutura. Não adianta gastar apenas com elenco, precisamos fortalecer também a parte física do clube”, disse o presidente.
Quanto ao Campeonato Sergipano, segundo Hyago, o time é favorito, mas a torcida não pode deixar se levar pela empolgação. “A verba da Série B não é disponibilizada no início do ano, só recebemos ela quando o campeonato começa, então não teremos tantas vantagens financeiras. Entretanto, quando estávamos na Série C já éramos favoritos, e agora não pode ser diferente. É difícil, precisamos batalhar muito, mas com certeza iremos em busca deste título”, completou Hyago.
Frei Paulistano
O Frei Paulistano, atual campeão sergipano, irá disputar o Campeonato Brasileiro da Série D, a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste. Para um clube que há pouco lutava para permanecer na elite do futebol sergipano, a chance de estabilizar-se financeiramente é extremamente real. Além disso, é a prova prática de que a organização é o ponto vital para colher bons frutos dentro do esporte.
Em cotas, o time irá receber cerca de 525 mil reais por participar da primeira fase da Copa do Brasil e mais 500 mil por participar da Copa do Nordeste. Para Betinho, técnico do Frei Paulistano, 2020 será de muito trabalho. “No ano passado, escapamos do rebaixamento e conseguimos galgar até o título. Agora, com mais recursos, a ideia é que o Frei Paulistano se consolide no cenário sergipano e busque fazer história no cenário brasileiro, com quem sabe um acesso pra Série C”.
Lagarto
Já o Lagarto, disputará a Copa do Brasil. Mediante o apoio do jogador brasileiro naturalizado espanhol, Diego Costa - natural de Sergipe -, o clube, ano após ano, evolui para conquistar objetivos maiores. Sempre com planejamentos exemplares, a instituição ainda deixa a desejar em momentos decisivos - haja vista a perda da vaga na final na última rodada em 2018 e a campanha decepcionante no segundo turno de 2019 após ser campeã do primeiro turno. Entretanto, dá claros sinais de que é questão de tempo para conquistar maior expressão no cenário.
A previsão é de que eles recebam 525 mil por participar da Copa do Brasil. Como foram campeões do primeiro turno do Campeonato Sergipano em 2019, puderam optar entre a Copa nacional e o Campeonato Brasileiro da Série D; optaram pelo primeiro, devido a bonificação financeira.
Itabaiana
E o Itabaiana, quatro vezes vice-campeão sergipano, disputará o Campeonato Brasileiro da Série D. O time da terra da cebola não só “bateu na trave” no estadual, como também por muito pouco não subiu para a Série C em duas oportunidades nos últimos três anos. Ainda que a quarta divisão nacional não renda dinheiro como as copas aqui citadas - não há cotas fixas de participação -, é mais um fio de esperança para dias melhores.
O Tremendão da Serra, como é conhecida a equipe do Itabaiana, não irá receber nenhum abono, porque só disputa a Série D, e ela não proporciona dinheiro aos clubes, bem como o Campeonato Sergipano não possui ajuda de custo. A bonificação do campeonato local apenas contempla o campeão e o vice.
Então… o que esperar?
Para Milton Dantas, presidente da Federação Sergipana de Futebol, 2020 será um ano de destaque para o futebol sergipano. “Com certeza vai ser um ano bom pro nosso estado. Com tantos times participando de competições nacionais, a tendência é que não só o futebol daqui alcance um novo patamar, como também a economia do estado seja alavancada”, afirmou.
Competições como a Copa do Brasil e a Copa do Nordeste são vitais não só pela visibilidade que proporcionam através da TV e dos grandes jogos disputados, como também pelo retorno financeiro garantido. Apenas por participarem dos torneios, os times recebem de dinheiro, exponencializando metas e dando a capacidade de se efetuar um planejamento mais eficaz ao decorrer do ano.
2020 é o ano onde o torcedor sergipano pode sonhar. Seja ele do interior ou da capital, poderá ter a chance de ver o seu time do coração alcançar maior espaço na esfera nacional. Não é um caminho simples e muito menos fácil, mas trilhá-lo é a única forma para alcançar o sucesso sonhado.
Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado II - 2019.2
Repórteres - Fabrício Santos e Joyce Felix
Orientação - Professores: Cristian Góis e Vitor Belém
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