Gênero musical nativo da Coreia do Sul, o K-pop tem espaço em Aracaju
Você já ouviu falar de K-pop? Se você é um frequentador assíduo de redes sociais, como o Twitter e o Youtube, certamente já viu alguma coisa. Os fãs desse gênero musical estão por todos os cantos, inclusive em Aracaju. Na capital dos cajus e papagaios, como em tantas outras cidades, os fãs atuam seja na organização de projetos para seus ídolos emplacarem mais (e mais) recordes, seja no engajamento de eventos para difundir ainda mais o movimento.
Vamos por partes. O K-pop nasceu em 1992, na Coreia do Sul, com a estreia do grupo Seo Taiji & Boys, um trio de rapazes. Os meninos foram logo identificados pela forma “diferente” de se vestir e pela essência daquilo que cantavam. Na prática, era a primeira vez que a música coreana passava a incorporar estilos americanos como rock, rap e techno.
Uma das estratégias para romper fronteiras foi estimular os apreciadores do gênero a criar eventos presenciais e virtuais, espalhar pelas redes sociais de fãs e, assim, burlar o monopólio da indústria musical americana. Em pouco tempo, alguns artistas coreanos logo se tornaram fenômenos mundiais. Números e estatísticas demonstram essa notoriedade.
Após 27 anos de criação, o K-pop já tomou o mundo. Yang Hyun-suk, um dos integrantes do Seo Taiji & Boys, fundou uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul, a YG Entertainment, e em julho deste ano, deixou-a depois de uma série de escândalos envolvendo seus artistas agenciados e acusações de incompetência administrativa.
Em contrapartida, o TXT, sigla que significa Tomorrow by Together, boygroup agenciado pela mesma empresa do BTS, a Big Hit Entertainment — que até 2014, ainda fazia a gravação de álbuns em estúdios improvisados em garagens —, debutou no dia 4 de março de 2019, com a música “Crown”, alcançando a melhor estreia de um grupo masculino de K-pop, com 15,1 milhões de visualizações nas primeiras 24 horas no YouTube.
O BTS, ou Bangtan Boys, é, atualmente, o maior grupo de K-pop em proporções mundiais. Seu debut se deu em junho de 2013 e em sua rápida trajetória, os recordes são inúmeros, por exemplo, quando ultrapassaram Os Beatles, ao terem três álbuns na primeira posição da Billboard 200 (lista que classifica os 200 álbuns mais vendidos nos Estados Unidos), em menos de onze meses. O septeto de rapazes, entre 22 e 27 anos, passou pelo Brasil em sua turnê mundial “Love Yourself: Speak Yourself”, em duas apresentações no Allianz Parque, São Paulo, nos dias 25 e 26 de maio.
(fotos: Big Hit Entertainment)
A distância não é uma barreira
Hongdae é um território na região central de Seul, onde estão os nativos do K-pop. Ele não é tão conhecido como Gangnam, sofisticado bairro da capital coreana, que inclusive está presente na música “Gangnam Style”, do cantor Psy. Lá, no entanto, todos os dias vários grupos amadores e profissionais performam em suas ruas com o intuito de atrair a atenção de “olheiros” de agências.
Em Aracaju, o ponto de encontro das maiores apresentações de K-pop é o Teatro Atheneu. Gabriel Rocha, 23, é apresentador do K-pop Day, evento organizado pela Get Loud Entertainment, local de competições de covers.
De início, o gênero se restringia somente a pequenos espaços dentro de eventos Geeks (gíria inglesa que se refere a fãs de tecnologia, livros, filmes e séries), mas segundo Gabriel, isso mudou. “Conforme o K-pop foi crescendo no estado, as pessoas passaram a tomar mais o espaço nesses encontros, até que a gente resolveu fazer os nossos próprios”, conta.
O apresentador também trabalha com cabelo e maquiagem, canta e organiza reuniões menores e gratuitas voltadas para esse público, onde a principal atração é o random dance (espécie de performance em grupo ao som das músicas de K-pop mais populares do momento).
Outro evento bastante popular na capital é o Aracaju K-pop Festival (AKF), também realizado no Teatro Atheneu e organizado pela BGZ Conteúdo Divertido. Letícia Martins, 28, é a produtora executiva e figurinista, e com o diretor criativo Aldo Nunes, 29, mantém a agência desde 2014.
A ideia inicial da empresa era criar entretenimento para os jovens de Aracaju. Como, na época, seus fundadores não tinham condições de trazer artistas renomados para suas festas, investiram na iniciativa de criar seus próprios grupos musicais. Inspirados essencialmente no K-pop, os girlgroups Sis, Miau e Crush ficaram em atividade entre os anos de 2016 e 2018. Atualmente, o grupo Crush encontra-se em pausa e os demais terminaram.
Reflexos do K-pop
Por mais inusitado que possa parecer para alguns, o K-pop já está tão difundido mundialmente que, variações nacionais do gênero, já começaram a nascer. É o chamado B-pop, ou Brazilian pop, ritmo derivado do sul-coreano. O boygroup Champs foi o pioneiro. Formado através de um concurso, o quinteto ficou em atividade de 2014 à 2015, quando teve o seu disband (termo usado para se referir ao término dos grupos).
A capital sergipana é a natal do Intensity, um quarteto masculino formado por rapazes de 22 a 25 anos, que faz parte desse movimento ainda em crescimento no país. A. D, líder desse grupo, contou que quando decidiu formar o Intensity, em 2017, já cantava há certo tempo com Nick, também integrante. Eles conheceram Mateus, experiente em dança, pela internet, e o chamaram para a compor o projeto. Meses depois, já tendo lançado alguns conteúdos na web, Lio completou a formação.
“A internet tem sido uma grande ponte para que a gente consiga furar algumas barreiras, apesar de ainda ser muito difícil. O nosso estado é muito limitado em termos de recursos para se fazer música pop com qualidade”, diz A.D, que também cursa Música na Universidade Federal de Sergipe.
O Intensity é agenciado pela Get Loud Entertainment, mesma produtora responsável pelo K-pop Day, evento onde o quarteto sempre tem presença garantida. Seu fandom se chama inTENsers, que quer dizer “mais intensos”. A sílaba “TEN” é escrita em letras maiúsculas tanto por ser a mais forte, como também por fazer alusão às palavras “teen” e “ten”, “jovem” e “dez”, respectivamente, em inglês.
Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1
Repórter - Brunna Martins
Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góes e Eduardo Leite
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