Repasse é consequência do aumento de combustíveis utilizados para geração de energia em termelétricas, aponta economista
Por Lorena Correia
Apesar do impacto do aumento da tarifa em seu negócio, a cabeleireira Jucilene Mota tenta não repassar valores aos seus clientes (Foto: Lorena Correia)
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, na última sexta-feira (22), o reajuste tarifário anual da Energisa Sergipe - Distribuidora de Energia S.A (ESE). O reajuste foi de 16,46%, para consumidores residenciais, e 16,24%, para as demais categorias. No estado, a Energisa atende a aproximadamente 825 mil unidades consumidoras, e a nova tarifa passa a valer nos 63 municípios de Sergipe.
Segundo a docente do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Patrícia Pugliesi Carneiro, as principais causas do aumento da energia são o desmatamento na Amazônia e o aquecimento global. “Com menos chuvas, menor é o nível dos reservatórios e o de energia também. Dessa forma, não tem como atender à demanda da população, até porque a matriz energética brasileira é pautada na hidrelétrica. Então você precisa ter os reservatórios cheios para gerar a energia que chega às indústrias e na casa das pessoas”, explica.
“Com os reservatórios em níveis baixos, é preciso utilizar outros tipos de fontes energéticas e, como não tem a hidrelétrica, um outro recurso seria a termelétrica. Para ligar uma termelétrica, é preciso diesel para queimar, e o preço dos combustíveis está alto. Tudo isso gera um aumento que é repassado automaticamente para o consumidor e para as indústrias, o que aumenta os preços dos produtos e serviços”, completa.
Jucilene Mota, dona de um espaço de beleza na capital, conta como vem lidando com os aumentos sucessivos de energia. “Para mim, ficou muito difícil porque a conta de energia aumentou significativamente. Então estou buscando meios para continuar trabalhando, como desligar as luzes e os ventiladores em espaços onde não há clientes no momento, e não fazer esse repasse para as minhas clientes”, pontua.
Já Gabriel Feitosa, dono de casa, mostra-se indignado com o aumento. “É um escárnio com a população de forma geral, que vive com pelo menos até dois salários mínimos. Tudo aumenta e o nosso salário não aumenta, então chega um momento em que essa conta passa a não fechar. Pra gente que vive no nordeste é muito mais complicado. Às vezes, você passa mal dentro de casa para não ligar um ventilador porque a conta pode não fechar e no final do mês ter que cortar mais outras coisas”, ressalta.
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