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Ciclovias/faixas estão em condições críticas

Dados são de pesquisa da UFS, a partir de índice criado para avaliar as vias cicláveis

Lombada na avenida Tancredo Neves. (Foto: Waldson Andrade - Arquivo)

A cidade de Aracaju, que teve uma grande expansão da malha cicloviária, tem hoje suas ciclovias e ciclofaixas em nível considerado crítico. A constatação é de pesquisa realizada na UFS pelo geógrafo Waldson Andrade, que definiu parâmetros para a construção de um índice para avaliar as vias cicláveis. A nota média atribuída à quatro das principais ciclovias da cidade é de 1,31, numa escala que vai de 1 a 4. Foram consideradas as ciclovias das avenidas Augusto Franco, Beira-Mar, Heráclito Rollemberg e Tancredo Neves.


O índice leva em consideração parâmetros baseados na engenharia, atratividade, segurança pública e viária, além do meio ambiente envolvido nas vias cicláveis. Assim, são abordadas questões que envolvem desde o material utilizado na construção e seu estado de conservação até a arborização das ciclovias, passando pelos índices de roubos e de acidentes e pela capacidade que as ciclovias têm de receber um grande número de ciclistas.

Parâmetros utilizados para construção do índice de ciclabilidade. (Infográfico: Giordana Belotti)

Para Andrade, o grande problema das vias cicláveis de Aracaju é que nunca existiu, até hoje, uma política pública que dê conta de planejar e executar a manutenção das vias cicláveis. “Grande parte da malha cicloviária da cidade teve sua expansão de forma intensa, entre 2005 e 2007, quando havia uma demanda crescente por parte dos ciclistas, mas hoje não há nenhuma preocupação do Poder Público quanto ao desenvolvimento e execução de projetos para manutenção dessas vias”, lamenta o pesquisador. “Não existe nenhum setor, sequer orçamento, destinado ao planejamento da manutenção das vias cicloviárias”, completa.


A pesquisa indica ainda que algumas questões técnicas fundamentais para o bom funcionamento das ciclovias e ciclofaixas não estão sendo respeitadas pelos gestores. “Não há política de redução de velocidade dos veículos motorizados, algo que é determinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Conselho Mundial de Trânsito (Comtran) para melhorar a relação e compartilhamento das vias entre os diferentes modais”, explica Andrade. Outras questões críticas como a arborização, necessária devido ao clima, e a interligação das vias cicláveis com o transporte público são desconsideradas pela prefeitura, segundo o pesquisador.


Sinalização da ciclovia da avenida Tancredo Neves. (Foto: Waldson Andrade)

Dentre as medidas elencadas para melhorar o índice, está a estruturação do Poder Público para dar conta das pesquisas, do planejamento e da execução de projetos voltados às ciclovias. “Propomos a criação de um setor específico para cuidar da mobilidade ativa em Aracaju, com técnicos concursados que sejam responsáveis pela gestão”, propõe o pesquisador. Para Andrade, isso se daria através da substituição da SMTT (Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito) por uma Secretaria de Mobilidade, o que, do ponto de vista da gestão pública, ajudaria a transformar a gestão da mobilidade, incluindo os modais ativos, numa política permanente e que não se sujeite às vontades e interesses dos diferentes gestores e empresários.

Andrade acredita ainda que a pesquisa serve como sustentação científica para adoção de medidas que viabilizem uma melhor gestão da mobilidade. “Hoje não existe planejamento, mas ‘fazejamento’, que é atender problemas estruturais de forma pontual, quando a lógica da engenharia de tráfego é de entender o problema do trânsito como um todo”. Exemplo disso é quando, durante as fortes chuvas de junho, a cidade fica sem opções eficientes de transporte, devido à falta de planejamento em relação aos problemas enfrentados no trânsito de Aracaju, sobretudo aqueles que já são premeditados.

 

Produção da disciplina Laboratório de Jornalismo Integrado I - 2019.1

Repórter - Alisson Mota

Orientação - Professores: Josenildo Guerra, Cristian Góis e Eduardo Leite

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