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Amarrados em nome da preguiça

Quase metade da população é sedentária, mas em Itabaiana muitos se mexem contra essa constatação


Atletas pertencentes a associação Frangos da Serra MTB junto ao paraciclista Rayr Barreto momentos antes de participar da copa do mundo de paraciclismo de estrada, quando representou a seleção brasileira. (Foto: Ademarcos Fotografia)

Ao longo da história, os padrões de beleza foram se modificando. Na pré-história, por exemplo, ter corpos avantajados era sinônimo de fertilidade. Com o passar do tempo, esse cenário se inverteu, principalmente para atender as demandas de saúde e longevidade. No entanto, no Brasil, o número de pessoas na margem do sobrepeso é alto. “Mais da metade da população está com sobrepeso e 20% dessas pessoas estão obesas, ou seja, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30”, disse o professor do instituto de biologia da Universidade Estadual de Campinas, em entrevista para o jornal da instituição.


O sobrepeso e a obesidade estão associados a diversos fatores, entre eles, ao sedentarismo, que se tornou a principal causa dos problemas de saúde em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é caracterizado pela falta de atividade física suficiente para o corpo humano, que representa 150 minutos de prática aeróbica moderada por semana.


Ainda de acordo com a OMS, o sedentarismo atinge um em cada quatro adultos no Brasil e quase metade da população é sedentária, que corresponde a 47%. Esse dado posiciona o país em primeiro lugar no ranking entre as nações da América Latina como o mais sedentário do continente.


O sedentarismo está relacionado a doenças como:


●        Obesidade

●        Aumento do colesterol

●        Atrofia muscular

●        Aumento da pressão arterial

●        Problemas articulares

●        Problemas cardiovasculares (Infarto ou AVC)

●        Diabetes tipo 2

●        Distúrbios do sono.


A OMS lançou o compromisso de reduzir em 15%, até o ano de 2030, o número de pessoas que não praticam atividade física. O intuito dessa campanha é alertar a população para os benefícios da prática e prevenir contra doenças desenvolvidas pelo sedentarismo.


De acordo com o educador físico, Josimar Santos Santana, pós-graduado em treinamento esportivo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), quando o corpo passa a ter movimento, as respostas são imediatas. Caminhada e corrida, por exemplo, são atividades cardiopulmonares, as quais geram melhorias significativas na respiração, pressão arterial, fluxo sanguíneo e regulação da flora intestinal. “Estes são alguns benefícios instantâneos, mas existem outros em longo prazo, como a redução dos níveis de estresse, controle da diabetes e perda de peso”, explicou Josimar.


Na contramão do sedentarismo


Atletas pertencentes ao PermIta-se Clube de Corrida participam dos encontros semanais que acontecem na praça Chiara Lubich, em Itabaiana. (Foto: Jackson Machado)

Enquanto os níveis de sedentarismo são uma crescente em todo o mundo, a cidade de Itabaiana, situada no agreste sergipano - aproximadamente a 56 km de Aracaju - anda na contramão. Conhecida como a capital do bem estar, seja no início ou no final do dia, é possível ver um grande número de pessoas se exercitando em vias públicas. O ciclismo e a corrida são praticados com frequência, seja por amadores ou profissionais.


De acordo com a secretária de saúde do município, Rúbia Melo, a atividade física é uma questão de saúde pública. “A partir do momento que o cidadão sai do sedentarismo, ele adquire alguns benefícios no corpo e automaticamente reduz o número de pessoas nos postos, hospitais ou outras instituições”, afirmou a secretária.


Segundo Rúbia, muitos profissionais trabalham com o intuito de influenciar os pacientes a fazer alguma atividade física como forma de tratamento alternativo para determinadas doenças. “Além do atendimento tradicional para aquela situação, indicamos ao paciente que busque um fisioterapeuta ou educador físico para um acompanhamento, juntamente com o auxílio de um nutricionista”, informou Rúbia.


Acima, Sr. Antônio Côrrea participando da Corrida da Cidade de Aracaju. (Foto: arquivo pessoal)

Antônio Correia tem 62 anos, é atleta profissional e viaja o Brasil em competições de corrida de rua. Ele iniciou a prática quando sofreu problemas cardíacos e recebeu a orientação de fazer caminhadas. Desde então, iniciou a atividade em um percurso que somavam 5 km. No início, era somente caminhada, mas logo começou a correr e notou sua aptidão pelo esporte. “Eu estava seguindo a prescrição médica, mas busquei um profissional da área e passei a correr”, disse o atleta.


A história de Antônio se assemelha com a da gerente administrativa Ana Peixoto. Após se tornar mãe, adquiriu mais de 30 quilos e não conseguia reduzir. Com o passar do tempo, passou a sofrer as consequências: falta de disposição, dores nas pernas e dificuldade respiratória.


Na foto, Ana Peixoto, em participação na corrida “desafio dos falcões”, em Itabaiana. (Foto: arquivo pessoal)

Após recomendação médica, passou a dançar, pedalar e hoje se encontrou nas corridas. “Minha maior felicidade é cruzar a linha de chegada, pois sei que ali estou atingindo meus objetivos de uma forma que não conseguia antes”, afirmou. Hoje, com 15 quilos a menos esbanja saúde. “Conquistei de volta a minha saúde e autoestima, coisa que havia perdido há alguns anos”, festeja Ana.


Com a recorrente procura pela atividade física, foram criados grupos que, unidos pelo mesmo propósito, tornaram-se clubes de referência no estado. A Associação Frangos da Serra MTB, criada em 2016, é o grupo com maior número de ciclistas do estado de Sergipe. Eles já agregam vitórias de competições em nível internacional. Já o Permita-se Clube de Corrida, em menos de um ano, tem mais de 200 participantes e promove encontros gratuitos semanalmente na cidade.


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