90% dos acidentes no trânsito são causados por falhas humanas, decorrentes da desobediência às leis.
Segundo levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, o número de acidentes por desobediência às leis de trânsito foi reduzido em 24,4% em seis anos. Em 2010, foram registrados 7.952 óbitos, contra 5.773 em 2016, ano mais recente. Apesar da queda do número de mortes no trânsito, o Brasil ainda está longe de atingir a meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) de reduzir em 50% os acidentes no trânsito.
A Companhia de Polícia de Trânsito (CPTran) classifica as causas de acidentes no trânsito em três fatores: humano, veicular e viário. O fator humano corresponde às questões do próprio motorista e do motociclista, relativas a desrepeito às leis de trânsito e às sinalizações. As principais causas de acidentes são o uso do celular, bebida alcoólica e alta velocidade.
“Já multei motorista por uso de celular e até digitando no notebook" - Schirlene Reis (SMTT)
Já o fator veicular se refere à manutenção do veículo, que muitas vezes não é levada em consideração pelo motorista, principalmente quando faz um percurso grande. Por último, o fator viário, ligado às condições das rodovias e às sinalizações adequadas. O fator depende da atuação dos órgãos governamentais.
A desobediência às leis básicas de prevenção de acidentes no trânsito ainda é muito comum e, em alguns casos, inacreditável. “Já multei motoristas por uso de celular e até mesmo digitando com o notebook no colo. E os motoqueiros recebem multas constantes por conta do uso do celular preso no capacete ou usando ele na mão”, diz a agente da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT), Schirlene Reis.
A Câmara Federal analisa as alterações das leis de trânsito proposta pelo Governo Bolsonaro. Dentre as propostas estão o aumento de número de pontos para a suspensão da carteira de motorista e ampliação de sua validade, suspensão da multa para quem transita com crianças sem cadeirinha, a redução dos radares e a isenção dos caminhoneiros à realização de exames toxicológicos.
As medidas anunciadas pelo Governo Federal geram discussões sobre os efeitos no trânsito, como observa o coordenador de educação para o trânsito da SMTT, Cabo Tiago Damasceno.
"Reduzir a questão punitiva, que também é educadora, vai contribuir para que o motorista sinta a sensação de impunidade, podendo acarretar no aumento do número de acidentes no trânsito. Acreditamos que uma legislação mais rigorosa e o trabalho de educação para o trânsito venha a reduzir o número de acidentes. Mas caso as mudanças sejam aprovadas, vamos ver como será o comportamento do brasileiro com a nova legislação, no decorrer do tempo”, diz o coordenador.
Condução preventiva
Ser responsável ao dirigir é dever do condutor, que pode ter consciência sobre o quanto o uso do cinto de segurança e o desuso de aparelhos eletrônicos podem salvar vidas.
“Eu coloco assim que entro no carro. Já presenciei até acidente por falta dele”, diz o motorista Renilton dos Santos.
“Não uso o celular e faço uso do cinto todos os dias”, afirma o taxista Maxwell Esteves dos Santos.
Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), o simples ato de utilizar o cinto de segurança, em especial em passageiros do banco traseiro, reduz em cerca de 75% o risco de morte em casos de colisão entre veículos. A estimativa revela que quem o utiliza tem sete vezes mais chances de escapar vivo em um acidente.
É função do agente de trânsito orientar quando possível e notificar quando necessário. A conscientização no trânsito promovida por meio de campanhas realizadas pelos órgãos responsáveis é fundamental, mas o cumprimento das leis depende, principalmente, do condutor.
Produção da disciplina Oficina de Textos Jornalísticos - 2019.1
Reportagem - Alda Santiago, Marco Ferro e Thereza Maria
Orientação - Professor Daniel Brandi
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