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São João Nordestino: das tradições à modernidade

Atualizado: 2 de ago. de 2019

Organizadores de eventos juninos mantêm cultura popular, mas apostam em elementos atuais, desde vestimentas até a música. E o clássico pé de serra convive com outros ritmos.


Manter a tradição é igualmente relevante a adaptar discussões atuais. (foto: Helena Barbosa)

O Nordeste é uma região rica em cultura e possui como um dos maiores destaques os festejos do mês de junho. O São João, como festa popular, chama a atenção de muitos visitantes e os atrai para forrozear, mas com o decorrer dos anos tem passado por mudanças. O que antes tinha predominância do forró pé de serra, hoje é dominado por sertanejo universitário e arrocha, uma mistura do ritmo principal com os demais. Os órgãos públicos e privados fazem esse caldeirão cultural com o intuito de atrair maior público aos eventos.


Em tempos atrás, quando havia algum show no período junino, era sempre de artistas de forró tradicional – Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, entre outros - o famoso “pé de serra”, mas hoje as apresentações têm grande variação cultural.


“O forró pé de serra nunca perde espaço. Certo que esses grupos diminuíram, mas onde você for, principalmente no período de São João, vai estar tocando pé de serra”, afirma o cantor Erick Mamutão, da banda de forró pé de serra "Mamutão e Arretados do Forró".


Entretanto, a organizadora do evento Arraiá 7 Panos, Julieles Ramos, discorda. “O São João em geral está perdendo a sua tradição, a essência dele. Não há mais aquela coisa de xita, mas sim roupa brilhosa. Então, sai aquela coisa nordestina e leva mais para algo carnavalesco”, diz.


Banda Mamutão e Arretados do Forró durante apresentação na Feira Agroecológica da UFS (foto: Maria Franciele)

O Arraiá 7 Panos foi criado em Lagarto, no Centro-Sul do estado, para resgatar as raízes do São João por meio de apresentação de quadrilhas, brincadeiras em volta da fogueira, comidas típicas e o famoso “Casamento da gota serena”. Essas tradições estão a evoluir, a abandonar o passado e apostar em elementos da atualidade, desde as vestimentas até a música.


O cantor e compositor Danilo Duarte, do coletivo Inferninho, é um dos organizadores do Black Milho, evento que atinge o público universitário da UFS e a comunidade do bairro Rosa Elze, em São Cristóvão. “Para as pessoas da música, já existe naturalmente essa influência natural do forró, apesar de as pessoas virem demais da música alternativa, da música que pende mais pro rock, música regional, no fim das contas”.



Em entrevista à equipe, o turista baiano Marcelo da Silva declarou que gosta da variação musical, mas acha importante que prevaleça o tradicional para não perder a essência. Já Edcarlos Santos, também da Bahia, disse que deve haver apenas o forró, por isso outros estilos de música não se encaixam nesse festejo.


Entre uma discordância e outra, as entrevistas convergem num ponto comum: o São João experimenta intensas variações culturais. É tão importante manter a tradição como é igualmente relevante adaptar discussões atuais refletidas no festejo. Essa mescla permite a manutenção de uma data que dialoga com a pluralidade de contexto e prática cultural do contemporâneo e do clássico.

 

Produção da disciplina Oficina de Textos Jornalísticos - 2019.1

Reportagem - Maria Franciele, Mirella Vieira, Viviane Silva, João Vitor e Helena Barbosa

Orientação - Professor Daniel Brandi

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