Reportagem: Charlotte e Isabela Ferreira
Em setembro de 2019 aconteceu na cidade de Gramado (RS), o 26° Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ), o evento reuniu mais de 5 mil estudantes, que embora ainda na graduação se encontraram para trocarem experiências profissionais, pois fazem parte das chamadas, porém não tão conhecidas empresas juniores. Participar de uma prática como essa estando ainda em processo de formação acadêmica tem ajudado muitos estudantes a perderem o medo do mercado de trabalho, além disso tem sido um grande diferencial em seus currículos.
MAS AFINAL O QUE SÃO EMPRESAS JUNIORES
Empresas juniores, costumeiramente chamadas de EJs, são considerados negócios de impacto social, pois não possui o lucro como finalidade, mas o crescimento profissional de seus membros. Elas são constituídas pela união de alunos matriculados em cursos de graduação em instituições de ensino superior com o objetivo de realizar serviços que contribuam para o desenvolvimento do país, do empreendedorismo de sua região, e para a formação de profissionais capacitados por meio da vivência empresarial, oferecendo serviços de qualidade e com o valor abaixo do mercado. Em Sergipe, há em média 29 empresas estabelecidas nesse modelo, segundo dados da Federação de Empresas Juniores de Sergipe (Serjúnior). E é na Universidade Federal, UFS, onde se concentra o maior número delas. Segundo Thalles Carvalho, mentor de projetos do Núcleo de empreendedorismo da UFS, setor da universidade responsável por auxiliar essas empresas, contando iniciativas e negócios já estabelecidos, a UFS possui 35, sendo a mais antiga delas a empresa Júnior de Administração- EJA UFS.
Thalles Carvalho Foto: Charlotte
Os estudantes universitários se envolvem nos projetos resultando no crescimento coletivo e individual e todo valor em dinheiro adquirido é reinvestido na própria ação, não sendo distribuído diretamente para os membros mas aplicados na melhoria da empresa, do departamento ou na capacitação dos alunos . A união desse crescimento pessoal com os objetivos da empresa júnior parece ser a chave nessa relação empreendedora sem fins lucrativos, é o que relata Antônia Nascimento, graduanda do oitavo período de Engenharia Química e diretora de projetos da STARTEQ, empresa júnior do seu departamento, “Eu às vezes brinco dizendo que não sei que tipo de profissional eu seria se não fosse a EJ, se eu tivesse ido para o mercado sem ter passado por essa experiência. Tanto a perspectiva sobre a profissão, como eu enquanto pessoa cresci muito. Academicamente falando, eu pude enxergar as possibilidades de atuação que o meu curso tem e que eu não sabia, entender como é que funciona uma empresa, ter um mini laboratório disso, pois antes eu não tinha a mínima noção e entender um pouco mais sobre áreas diversas sobre meu curso foi fundamental, principalmente se você quer ir para a indústria, você tem que saber lidar com pessoas, saber um pouco de marketing e saber liderar equipe e na universidade se você não entrar em uma EJ, ela não te oferece essas experiências práticas”.
Antônia Nascimento Foto: Charlotte
No ano de 2019 a empresa Júnior de engenharia química passou por algumas mudanças internas que geraram melhorias e reconhecimento aos membros e aos projetos desenvolvidos, conta Antônia. No mesmo ano em que houve a federalização da EJ, a empresa conseguiu bater todas as suas metas, agregando parceiros, como a monitoria para o ano de 2020 da multinacional AMBEV, além de receber o prêmio de EJ Impacto, menção honrosa do SERJÚNIOR e o prêmio de EJ destaque, por ser a primeira EJ impacto de Sergipe.
Fonte: Desenvolvido pela equipe
ENTRANDO PARA O TIME
Dentro da cultura de uma Empresa Júnior o processo seletivo pode variar a cada ano. A ação é organizada para que a inscrição seja livre para todos os estudantes do departamento que de forma comum participam das etapas classificatórias – após o processo de avaliações sai o resultado dos aprovados. Busca-se, na dinâmica, proporcionar oportunidades para todos desenvolverem com mais calma os seus interesses e apresentar suas qualidades. Sobre o processo seletivo,Edinaldo dos Santos graduando do curso de Design e membro da Empresa Jr de Publicidade da UFS, OFICINA comenta como funciona o processo seletivo nessa EJ, “é um processo com três etapas, onde a pessoa manda um email, manda uma cartinha, algo criativo né, demonstrando essa vontade de entrar na Oficina, depois há um desafio onde nós iremos observar cada um, ver a aptidão de todos, e assim vamos peneirando até chegar a terceira etapa que é a seleção, onde nós selecionamos as pessoas para determinado cargo necessário.”
COMO AS EJS CHEGARAM NO BRASIL
No final da década de 80, por meio da Câmara de Comércio Brasil-França o conceito de empresa júnior chegou ao país, surgindo nesse período as primeiras experiências brasileiras. Entre os anos de 1988 à 1993, nasceram as empresas que se tornariam pioneiras, como a Empresa Júnior Fundação Getulio Vargas,Empresa JR ADM da UFBA e a Escola Politécnica da USP. A partir delas, várias outras foram criadas por diversas universidades brasileiras, porém somente em abril de 2016, através da Lei 13.267/2016, as empresas juniores foram regulamentadas no Brasil. Essa legislação rege o chamado Movimento Empresa Júnior (MEJ) no país, sendo que cada universidade tem a sua própria resolução com base nessa lei para regulamentar suas EJs. Um grande marco para o MEJ foi a criação no ano de 2003 da Brasil Júnior - Confederação Brasileira de Empresas Juniores. A finalidade dessa instituição é propor diretrizes nacionais que devem ser adotadas pelas federações estaduais, de modo haver regulamentações das atividade das empresas juniores em âmbito nacional. Além disso, trabalha com um portal de colaboração e conhecimento, que promove a integração dos empresários juniores de todo o país. Nos últimos três anos o número de empresas juniores confederadas ao Brasil Júnior mais que dobrou, havendo um crescimento de 375% no número de projetos. E embora a EJ se divirja de uma empresa tradicional no que se refere ao lucro, e aos valores dos serviços, organizacionalmente se comporta de modo similar tanto em estrutura quanto na regulamentação,como explica Thalles Carvalho, “uma empresa júnior é uma empresa como outra qualquer em termos de atuação, ela pode atuar em todo o território nacional, porque a universidade é pública federal, mas para que isso aconteça, o órgão tem que reconhecer que é isso uma empresa de verdade,nesse caso, de uma empresa júnior seria a universidade e de empresas ditas como tradicionais existem os processos de abertura de empresa, o qual regulamenta que essa empresa exista.”
Em 2019 o Movimento Empresa Júnior (MEJ) atingiu a marca de 1 mil empresas juniores distribuídas em mais de 150 universidades nas 27 unidades federativas do Brasil. Segundo dados do próprio MEJ, mais de 22 mil empresários juniores desenvolveram e lançaram cerca de 23 mil projetos, esses números simbolizam a importância do incentivo ao jovem empreendedor nas universidades gerando impacto direto na melhoria de profissionais do país.
Fonte: Brasil Júnior
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