Em Aracaju, a lei foi promulgada em maio, mas só foi sancionada pelo prefeito Edvaldo Nogueira no dia 11 de junho. A troca de canudos plásticos por biodegradáveis tem como objetivo reduzir os impactos ambientais causados pelo plástico, principalmente no ambiente marinho.
Os plásticos são descartados em lugares diversos, principalmente em regiões litorâneas e podem levar cerca de 200 anos para começar a se decompor. Os estabelecimentos comerciais e vendedores ambulantes terão um período de três meses para se adaptar às novas regras. Caso contrário, serão advertidos, e se reincidentes, ficam sujeitos a multa de até 5 mil reais ou fechamento administrativo do ponto de venda.
Os canudos se tornaram alvo de jornalistas e biólogos quando os EUA perceberam o número excessivo do material que era consumido em fast-foods. O caso só tomou grande proporção no Brasil em 2015, após viralização de um vídeo onde o canudo era retirado da narina de uma tartaruga-oliva.
A primeira cidade brasileira a proibir a venda e distribuição foi o município de Cotia, em São Paulo, que impulsionou outros estados e cidades como Aracaju. Dessa forma, a lei destaca vários pontos a serem revistos pela população e também estabelecimentos locais, além de estimular maior consciência ambiental e de práticas de consumo.
Em entrevista com a população, a maioria afirmou saber dos impactos do plástico na natureza, mas só metade demonstrou manter esforços para reduzir o consumo. Rafael Ribeiro, estudante do curso de Administração, disse que utiliza canudos uma ou duas vezes na semana, em restaurantes que só oferecem essa opção, mas que procura evitar.
Além disso, uma parcela dos entrevistados desacredita na eficácia da lei. “Pelo que vejo, não fará muita diferença, porque já existem muitas leis que não são praticadas”, disse Marta de Jesus, estudante de Matemática. Já o comerciante João Carlos Matos disse que o Brasil precisa de reeducação geral. "Não adianta criar a lei se a população não colabora com ela”.
Comerciantes de Aracaju tentam se adaptar às novas medidas, já que o prazo definido é o fim de dezembro. Durante a reportagem, o comerciante Fábio Silva relatou que semanalmente utiliza cerca de 200 canudos, mas teve dificuldade para encontrar canudos biodegradáveis em supermercados. Ele acredita que o preço dos produtos não será afetado pela substituição dos canudos.
"Acho que não haverá prejuízo para os clientes, nem será acrescentado preço. O foco principal é tentar diminuir os danos que esses canudos plásticos levam ao meio ambiente", disse o comerciante.
A rede Cinemark passa a oferecer uma opção de consumo consciente a seus clientes que não desejam mais usar canudos de plástico, mas não querem beber direto no copo. Em uma iniciativa conjunta com a Coca-Cola e a Bee Green, a Rede disponibiliza em todas as suas unidades brasileiras canudos de aço inoxidável. O preço de cada canudo – R$ 10 – é ao menos 50% menor do que a média pesquisa no mercado e empresas nacionais já se mobilizaram para apoiar a causa.
A informação quanto ao levantamento de dados é de que as pesquisas nas regiões de Sergipe são direcionadas a todos os tipos de plástico e não só aos canudos. Contudo, se praticada, a nova medida pode auxiliar na geração de benefícios ao ecossistema e à fauna marinha, com redução do número de canudos nas praias.
Segundo Rauber Garcia, um dos biólogos do projeto Tamar em Sergipe, a novidade legislativa não encerra o assunto. "A lei pode ser classificada como um pontapé, mas ainda são necessárias leis mais eficientes para obter resultados mais significativos".
Produção da disciplina Oficina de Textos Jornalísticos - 2019.1
Reportagem - Isabela Silva, Jonas Valentin, Maria Janicléia e Paloma Freitas
Orientador - Professor Daniel Brandi
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