Com o sistema em aberto, somente algumas crianças podem receber a segunda dose
A campanha contra a gripe não atingiu a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, que é de 90% do público-alvo. Segundo a gerente de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Ilziney Simões, mesmo com esforços da SMS, faltou participação da população. “Isso é um retrato da falta de busca das pessoas dos grupos prioritários pela vacinação”, explicou.
Em entrevista na Unidade Básica de Saúde (UBS) Massoud Jallali em São Cristovão, a dona de casa Lucimara Alves possuía dúvidas sobre o processo de imunização. “Têm algumas vacinas que dão febre, que o local fica dolorido. Essa da gripe, a pessoa toma e tem gente que fica e gripado. Por qual motivo isso acontece?”, indagou.
Em resposta à dúvida mais comum entre os entrevistados, a gerente de imunização afirmou que a vacina pode ou não ter um efeito adverso, mas esclareceu que esse efeito não acomete a todos. “Muitas vezes as pessoas deixam de se vacinar por estarem mais preocupadas com esse tipo de reação do que em prevenir contra aquela própria doença. A vacina não faz você adoecer daquela doença que está te prevenindo, de forma alguma. O objetivo da vacina é promover a proteção contra aquele agente”, ressaltou.
A operadora de caixa Crislanne Costa disse estar sempre que possível em dia com as vacinas e não tem sintomas após tomá-las, no entanto conhece pessoas que não tomam vacina por acharem que pegarão a própria doença. "Minha mãe não se vacina, ela tem medo das reações e acha que vai pegar a própria doença", afirmou.
Quando questionada sobre o objetivo da campanha de vacinação, Ilziney disse que a campanha ocorre anualmente porque o vírus influenza, erroneamente chamado apenas de gripe, sofre mutações com frequência. “Todos os anos tem que ser produzida uma nova vacina para aquele vírus que está circulando e para garantir a proteção de alguns grupos prioritários no período em que ele (o vírus) está circulando. Por isso existe uma campanha anual da gripe, no Brasil, para grupos prioritários que já são pré-definidos pelo Ministério da Saúde”, explicou.
Segundo a gerente, o público-alvo são os idosos, as gestantes, as puérperas (até 45 dias após o parto), crianças de 6 meses a menores de 6 anos, trabalhadores da saúde, professores, policiais militares e civis, bombeiros e pessoas com comorbidades* pré-definidas pelo Ministério da Saúde.
A gerente de imunização constatou que as notícias falsas podem acarretar na propagação de informações que não possuem veracidade. “Aqui no Brasil o movimento ainda está devagar, ainda está incipiente, mas a gente acredita que se a gente não conseguir estar o tempo todo sensibilizando as pessoas, realizando as devidas orientações, as pessoas podem ser tragadas por essas orientações que não são reais”.
De acordo com Ilziney Simões, até o momento, a área técnica da Secretaria Municipal de Saúde sinalizou um óbito provocado pela influenza. Além desse óbito, há 12 casos de síndrome respiratória aguda grave, provocada pelo vírus. “A melhor forma de se proteger contra a influenza é pela vacinação, então é preciso vacinar os grupos prioritários”, acrescentou.
Até o momento a campanha atingiu 87,54% da meta, mas a gerente informou que o calendário continua aberto. “Mesmo com a campanha finalizada no dia 31 de maio, o sistema ainda está a receber para vacinação crianças consideradas primovacinadas, ou seja, que precisam tomar a segunda dose”, informou Ilziney.
Ela fala sobre os esforços da Secretaria Municipal durante a campanha e o quanto é importante que a população esteja engajada.
Ilziney Simões - gerente de imunização da Secretaria Municipal da Saúde
"Esse ano mesmo, além das unidades básicas de saúde, ofertamos essas vacinas em praças, nos shoppings, em horários estendidos, para que as pessoas viessem se vacinar, e que elas tivessem essa ideia de que é importante a vacinação. É importante que as pessoas se tornem protagonistas do autocuidado."
*Nota do editor: comorbidade é a existência de duas ou mais doenças em simultâneo na mesma pessoa.
Produção da disciplina Oficina de Textos Jornalísticos – 2019.1
Reportagem – Eduarda Oliva, Letícia Monalisa, Lorena Correia, Nívea Estela
Orientação – Professor Daniel Brandi
Commentaires