A dificuldade de os pais manterem um bom diálogo com os filhos tem gerado consequências para a sociedade brasileira no que tange à violência.
Com o aumento dos atos infracionais no país, é necessário analisar quais são os fatores que levam o jovem a cometê-los. Indubitavelmente, a família e a escola têm papel fundamental na formação ética e moral dos jovens. Entretanto, é a primeira quem tem responsabilidade maior, já que, em tese, detém maior tempo e a função efetiva do processo de criação.
O chefe de secretaria do Fórum de Itabaiana, Décio Costa, ressalta a importância do apoio familiar aos jovens e adolescentes e a insuficiência da educação advinda apenas da escola no desenvolvimento deles. “O principal problema dos jovens infratores hoje é a falta de educação que deveria ser adquirida através dos pais. Não aquela educação que pegamos na escola, mas o anseio familiar, tratar com respeito uma pessoa mais idosa, a busca de conhecimentos, a busca de caráter. Não só o colégio consegue suprir isso, então esse é um grande problema que resulta nas infrações penais.”
Há grave problemática social que decorre da ausência da família no acompanhamento das crianças. Um dos motivos para essa ausência é, para os habitantes das grandes cidades, a intensa mobilidade urbana, pois os pais saem para trabalhar e não têm tempo de diálogo com os filhos. Entretanto, não é somente nas classes média e alta em que há presença de menores infratores. Pelo contrário, a maior parte dos jovens infratores provém das classes baixas.
Em junho de 2015, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgou uma pesquisa a qual informava, entre outros dados, que 66% dos menores infratores vivem em famílias de extrema pobreza. Nesse sentido, é notório que a desigualdade social tem motivado muitos jovens a cometerem atos infracionais no decorrer dos anos.
Para Décio, a causa dos atos infracionais é o sistema atual do país. “O abandono, a diferença de salários que existe entre a família mais baixa e a família mais alta, a desigualdade social resultam num problema que vai gerar mais menores infratores a cada dia que passa”.
Um estudo feito pela Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, com o uso de dados dos menores infratores apreendidos entre 2017 e 2018, revelou que a maioria desses adolescentes pertence a uma família grande e liderada por uma mulher de baixa renda, em geral a mãe ou a avó, com ausência de um pai.
Outro fator que atrapalha o desenvolvimento das crianças é a omissão dos pais para com erros dos filhos. O técnico judiciário do Fórum de Itabaiana, José Patrocínio, menciona que o problema prejudica a formação moral dos indivíduos de pouca idade.
“Nos últimos tempos nós estamos vendo uma sociedade um pouco desequilibrada. Os pais já não têm mais tanto direito de educar seus filhos de uma forma que eles venham a ser bons cidadãos. Por conta de muitos deles fazerem vista grossa, terminam prejudicando o desenvolvimento moral das crianças”.
Produção da disciplina Oficina de Textos Jornalísticos – 2019.1
Reportagem – Matheus Moura
Orientação – Professor Daniel Brandi
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