Mylena Duarte, Wendal Carmo.
3 de Fevereiro de 2023
Com uma taxa de renovação de cerca de 62%, mais da metade dos parlamentares chegam à Casa e têm o desafio de aglutinar esforços em prol dos anseios dos sergipanos que ecoaram nas urnas
Foto: Emily Prata/Contexto Eleições 2022
Deputados estaduais no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe
Os 24 deputados estaduais eleitos em outubro tomaram posse na tarde da última quarta-feira (1º) em uma cerimônia realizada na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em Aracaju. O evento, que deixou o hall e os corredores da Casa abarrotado de pessoas, contou com a presença do governador Fábio Mitidieri (PSD), do prefeito Edvaldo Nogueira (PDT), além de representantes do Judiciário.
A solenidade foi conduzida por Luciano Bispo (PSD), deputado mais antigo da Casa. O parlamentar itabaianense, que presidiu a Alese nos últimos anos, está entre os nove deputados da antiga legislatura reconduzidos aos cargos. Também foram reeleitos Jeferson Andrade (PSD), Maisa Mitidieri (PSD), Adailton Martins (PSD), Georgeo Passos (Cidadania), Luciano Pimentel (PP), Garibalde Mendonça (PDT), Ibrain de Valmir (PV) e Samuel Carvalho (Cidadania).
Com uma taxa de renovação de cerca de 62%, mais da metade dos parlamentares chegam à Casa tendo o desafio de aglutinar os esforços em prol dos anseios dos sergipanos que ecoaram nas urnas. O pleito também trouxe outro recado: partidos de direita, como o União Brasil e o Republicanos, têm ampliado suas bases e consolidado seu poder no Parlamento.
O União, liderado pelo deputado cassado André Moura, por exemplo, emplacou quatro parlamentares, enquanto o Republicanos, partido ligado à família Ribeiro, em Lagarto, elegeu três parlamentares. O PSD, legenda pela qual Mitidieri disputou o governo de Sergipe, se consolidou como a maior bancada da Casa, com cinco deputados. Em termos proporcionais, é mais que o dobro de nanicos como PT, PSOL e PV.
Dos 15 novatos, sete já exerceram mandatos ao menos uma vez na vida. É o caso de Cristiano Cavalcante (União), ex-prefeito de Ilha das Flores, e Chico do Correio (PT), ex-prefeito de Nossa Senhora da Glória. Além deles, Paulo Júnior (PV) foi vice-prefeito de São Cristóvão e Neto Batalha (PP), Marcos Oliveira (PL) e Pato Maravilha (PL) foram, respectivamente, vereadores em São Cristóvão, Itabaiana e Aracaju.
A 20ª legislatura na Assembleia também será marcada pela diversidade. Pela primeira vez desde a sua fundação, em 1835, a Casa terá uma deputada transsexual em suas fileiras. Trata-se de Linda Brasil (PSOL), eleita vereadora mais votada em 2020. Para ela, o momento significa um marco na história da política sergipana.
“É um momento histórico e uma responsabilidade muito grande estar aqui representando tantas pessoas, dando continuidade a esse projeto político transformador da política sergipana. Então eu vou me dedicar a fazer o meu melhor para acertar mais e errar menos e assim contribuir para o desenvolvimento e para os direitos da população sergipana”, declarou.
Foto: Mylena Duarte/Contexto Eleições 2022
Deputadas estaduais Dra. Lidiane Lucena, Linda Brasil e Aurea Ribeiro, respectivamente.
No grupo dos que terão a primeira experiência legislativa, estão a médica Lidiane Lucena e a primeira-dama de Nossa Senhora do Socorro, Carminha Paiva, ambas do Republicanos. Integram o grupo ainda Áurea Ribeiro (Republicanos), mãe do deputado federal Gustinho Ribeiro, Luizão Dona Trampi (União), Kaká Santos (União), Marcelo Sobral (União) e Netinho Guimarães (PL).
Jorginho Araújo (PSD) também exercerá mandato parlamentar pela primeira vez. Ele, no entanto, renunciou à vaga para assumir a Secretaria da Casa Civil a convite do governador Fábio Mitidieri. Quem assumirá em seu lugar é o médico e vereador por Aracaju, Manuel Marcos, da mesma sigla.
Na ocasião, os parlamentares também elegeram a mesa diretora da Assembleia para os próximos dois anos. O deputado Jeferson Andrade (PSD) foi eleito por unanimidade com uma chapa única que uniu correntes ideológicas distintas. Apenas Linda Brasil (PSOL) se absteve de votar.
Foto: Mylena Duarte/Contexto Eleições 2022
Deputado Jeferson Andrade durante discurso no plenário
Em seu discurso de vitória, Andrade agradeceu aos pares pela eleição, reafirmou o compromisso em estabelecer um diálogo com o Executivo e, ao citar os recentes ataques antidemocráticos em Brasília, afirmou que é o momento de lutar pela preservação da democracia e reconstrução do país.
“A população pode esperar muito trabalho e discussões produtivas para o estado. Nossa expectativa é fazer uma gestão marcada pelo diálogo, recebendo todas as categorias de servidores e atendendo as demandas dos municípios”, iniciou. E prosseguiu: “Vamos trabalhar, vamos reunir e somar esforços com todos os Poderes, com as demais instituições públicas e privadas do nosso estado e do país”.
Com a eleição, a mesa diretora ficou composta da seguinte forma:
Presidente - Jeferson Andrade (PSD);
Vice-presidente - Garibalde Mendonça (PDT);
1º Secretário - Luciano Bispo (PSD);
2º Secretário - Marcelo Sobral (União Brasil);
3º Secretária - Carminha Paiva (Republicanos);
4º Secretário - Paulo Júnior (PV)
Foto: Mylena Duarte/Contexto Eleições 2022
Deputados estaduais que compõem a mesa diretora da Assembleia: Marcelo Sobral, Luciano Bispo, Jeferson Andrade, Garibalde Mendonça, Carminha Paiva e Paulo Júnior, respectivamente.
Apesar de a nova composição da Assembleia indicar para uma “cara nova” no parlamento sergipano, a bancada formada para legislar durante os próximos quatros apresenta uma “continuação do modo de fazer política habitual”, explicou ao Contexto Eleições 2022 o cientista político pela Universidade de Brasília (UnB), André Carvalho.
“A maioria dos novos eleitos assumem os mandatos para representar ideais e modos de fazer política que não trazem grandes modificações, basicamente uma mudança de rostos”, pontua. “Foram eleitos 15 deputados de primeiro mandato, cinco concorreram pela primeira vez, sete já exerceram mandatos e pelo menos oito dos eleitos possuem tradição familiar na política”.
Na avaliação do especialista, a Assembleia não deve apresentar grandes riscos à governabilidade do governador, já que se “esboça uma legislatura altamente pragmática e governista" e o mandatário contará, ao menos no início da gestão, com uma base de 17 parlamentares.
“Os que demonstram mais disposição de renovação da prática política são os deputados Georgeo Passos, indo para seu terceiro mandato, e Linda Brasil, [ex-] vereadora de Aracaju que assumirá pela primeira vez um mandato na Alese”, conclui Carvalho.
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