top of page

BEM-VINDO A ARACAJU

Apesar de pontos a serem melhorados, Aracaju encanta quem veio para ficar.

Completando 165 anos de vida, Aracaju tem muitas histórias pra contar. A primeira delas, de sua fundação, tem como nome principal o então presidente da província de Sergipe Inácio Barbosa, um carioca nascido na cidade do Rio de Janeiro que no 17 de dezembro de 1855 assinou um decreto transferindo a capital sergipana para o então povoado de Santo Antônio de Aracaju, recém-promovido à cidade.

 

Inácio Barbosa, contudo, foi apenas o primeiro aracajuano de coração que não nasceu por aqui. Ao longo dos séculos, diversos migrantes e imigrantes se apaixonaram pelas araras e cajus da cidade dona da orla mais bonita do Brasil e aqui fixaram residência. Em muitos deles, o encantamento inicial permanece por conta de características próprias da cidade, porém os problemas existentes também são percebidos e geram diversas críticas por quem veio “de fora”.

 

Logo de cara, o principal cartão postal de Aracaju é a receptividade do seu povo. A professora Ana Kécia, que há 24 anos vive na capital sergipana, conta que foi muito bem recebida logo de início pelos vizinhos e donos da casa que começara a viver. “foi uma das coisas que me fez gostar de cara desse lugar”. Vinda de Picos, interior do Piauí, Ana conta que quando chegou, sua primeira impressão foi de grandeza e organização.

 

Foi essa sensação que a confeiteira Roseane Peixoto teve ao desembarcar em solo aracajuano há quarenta anos! Nascida na cidade de Bezerros, em Pernambuco, Rose, como é conhecida por familiares e amigos, conta que se mudou para cá quando ainda era jovem junto com sua família. “Meu pai veio a trabalho, então viemos juntos.”

 

Já Marcos Aoki, paulista que há 12 anos veio para Aracaju encontrar sua atual esposa com quem tem dois filhos, também considera a simpatia dos aracajuanos como um ponto forte. “A maioria das pessoas é fácil de se fazer amizade. [Elas] não se importam com a fonte de renda, se é pobre ou rico, chega no fim de semana as pessoas se divertem entre família”, afirma.

 

O mesmo pensamento possui o paquistanês Rehman Mustafa. Em 2011, ele se mudou para Sergipe com o intuito de ser comerciante e hoje possui seu próprio negócio. Casado e com três filhos, Mustafa conta que sua primeira impressão de Aracaju foi de uma cidade pequena, limpa e com tudo muito próximo. Essa proximidade deveria representar maior rapidez na locomoção, porém, não é isso que acontece na prática.

 

"Apesar de Aracaju ser uma cidade pequena, a gente demora muito pra chegar em algum lugar. A passagem aqui é muito cara, então deveria haver mudanças”, desabafa Ana Kécia. Atualmente, a tarifa do transporte público é de R$4,00, a segunda maior da região nordeste - atrás apenas do preço em João Pessoa (PB). Para este ano o prefeito Edvaldo Nogueira anunciou que não haveria reajuste.

 

Mustafa lembra que é preciso melhorar a educação no trânsito, e fiscalização nas autoescolas e órgãos responsáveis para enfatizar o respeito no trânsito com leis mais rigorosas. O comerciante sugere uma solução para melhorar a mobilidade urbana: “Se pudesse mudar algo na cidade, implantaria metrô pois traria mais facilidade de deslocamento”. 

 

Já para a professora Ana, outras medidas poderiam ser tomadas para melhorar o transporte público, especialmente aos finais de semana. “Ônibus mais novos, aumentar a quantidade de algumas linhas principalmente aos finais de semana, por que pra quem depende de ônibus é muito ruim ter um lazer na cidade, apesar de ser muito bonita e pequena temos essa dificuldade". 

 

E opções de lazer em Aracaju é é o que não falta. Com vários parques públicos, diversos centros de cultura e cerca de 35 quilômetros de litoral, a capital sergipana encanta turistas e residentes com sua beleza. Para Deisiane Santana, lagartense que saiu do povoado Colônia Treze para morar em Aracaju há 5 anos, o que mais te agrada na cidade são os principais pontos de lazer. “Nada melhor que uma praia para  relaxar com os amigos depois de uma semana exaustiva. Ou até mesmo meditar, ficar sozinha um pouco. Vou bem pouco aos shoppings, mas é um lugar agradável”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entretanto, assim que chove na cidade, o acesso a esses locais fica ainda mais prejudicado. Situadas praticamente a nível do mar, as ruas de Aracaju costumam encher rapidamente com poucos minutos de chuva, como lembra o paulista Marcos. “Quando chove vira um caos. Basta chover só um pouquinho para fazer o caos na cidade toda”. A falta de infraestrutura da cidade também foi lembrada por Ana Kécia. Moradora da zona norte, ela afirma que como Aracaju possui muitos canais fluviais abertos, em determinados momentos eles exalam um grande mal cheiro.

Já Deisiane Santana, que já morou no Centro e na Coroa do Meio, acredita que a violência é um dos piores aspectos da cidade. “Acredito que a violência seja o que o maioria menos gosta na cidade. “Não poder ir trabalhar ou estudar e voltar pra casa com ar de segurança é o peso que carregamos todos os dias aqui em aracaju.”. Em levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado no ano passado, em 2017 Aracaju possuía uma taxa de 57,4 homicídios a cada 100 mil habitantes, o que a coloca como a oitava capital mais violenta do Brasil.

 

Mesmo com problemas a serem corrigidos, as pessoas que vieram “de fora” e hoje moram em Aracaju possuem em comum a vontade de aqui ficar. A piauiense Ana Kécia conta que chegou em solo sergipano com sua  família e seu pai pretendia abrir uma padaria. Apesar da ideia inicial não ter dado certo, logo, ela conseguiu emprego assim como seus familiares, todos criaram laços e vínculos e permaneceram onde ele pretende viver “o resto da vida”.

 

A confeiteira Roseane Peixoto confessa que tem saudades de sua terra, mas não vai deixar a cidade que a acolheu a quatro décadas. “Apesar de gostar muito de Aracaju, como meus parentes são todos por lá [de Bezerros, PE] às vezes eu tenho de voltar, mas no momento vou ficar por aqui mesmo.”

 

O paquistanês Mustafa explica que, por ser muçulmano, deseja encontrar uma escola na cidade que ensine sua religião aos seus filhos. Caso encontre, também tem planos de não sair mais de Aracaju, pois criou vínculos fortes, casou e deu início a sua empresa. A família também é o motivo de permanência do paulista Marcos Aoki, casado com uma sergipana e pai de dois filhos.

 

A lagartense Deisiane, por sua vez, é outra que planeja morar para sempre na capital sergipana. Segundo ela, Aracaju é um bom lugar para viver e pretende trazer sua família para perto também. Além disso, ela conta que sua vida mudou muito desde que se mudou para cá. ‘Hoje sou completamente diferente do que eu era quando cheguei aqui. Além da independência que conquistei, me considero mais madura.”

canal pedro nascimento.jpg

Falta de infraestrutura da cidade foi lembrada como um dos seus pontos fracos. (Foto: Pedro Nascimento)

orla.jpg

Tranquilidade de Aracaju encanta turistas e quem vem "de fora" para morar aqui. (Foto: João Victor Vasconcelos)

bottom of page